quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Respostas fisiológicas e comportamentais de bovinos submetidos a diferentes ofertas de sombra

Resumo da dissertação

O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência de diferentes disponibilidades de sombra na resposta fisiológica e comportamental de bovinos em pastagens, assim como a distribuição espacial desses animais e de suas fezes nas pastagens. Quatro grupos de três vacas em lactação, mestiças (83% taurino x 17% zebuíno), passaram pelos tratamentos sem sombra – “sol”, sombra única artificial (1,3m2/vaca) – “única”, sombra em bosque (174 m2 de sombra) – “bosque”, e sombra de árvores dispersas (240 árvores/ha) – “dispersa”, num quadrado-latino (4x4), com períodos de três dias. Os piquetes foram subdivididos virtualmente em 24 quadrantes, para a análise da distribuição espacial das vacas e das fezes. O comportamento das vacas foi observado instantaneamente a cada 10 minutos, entre as ordenhas. A contagem dos bolos fecais era feita no dia seguinte a desocupação do piquete. As variáveis pastando, ruminando, na sombra, deitada, outros comportamentos, produção de leite, consumo de água, temperatura retal e freqüência respiratória foram analisadas pela variância, com as diferenças estatísticas obtidas pelo teste de Duncan. A distribuição espacial das vacas e das fezes, foi analisada pelo teste do qui-quadrado (tabelas de contingência). O tempo pastando foi maior no “bosque” e “dispersa”, do que em “sol” e “única” (P<0,03). O tempo ruminando foi menor no “sol” do que nos demais tratamentos (P<0,01). O tempo em outros comportamentos foi maior no “sol”, intermediário no “única” e menor em “dispersa” e “bosque” (P<0,01). O tempo de uso da sombra foi maior no “bosque” e “dispersa”, intermediário no “única” e menor no “sol” (P<0,01). O menor tempo deitada foi observado no tratamento “sol” (P<0,01). Na produção de leite não houve diferença entre os tratamentos (P=0,30). O consumo diário médio de água foi maior no “bosque” e “dispersa”, intermediário no “única” e menor no “sol” (P<0,01). As diferenças das temperaturas retais vespertinas e matutinas foram maiores (P<0,01) no “sol” e “única” do que no “bosque” e “dispersa” e na freqüência respiratória essas diferenças foram maiores (P<0,01) no “sol”, intermediária no “única”, e menores no “bosque” e “dispersa”. As freqüências observadas na distribuição espacial das vacas e das fezes foram diferentes das esperadas (p<0,01) e heterogêneas para todos os tratamentos, exceto na dispersão das fezes no “dispersa”, que foi homogênea. Conclui-se que a presença de sombra abundante na pastagem (em bosque ou dispersa) evita o estresse calórico, indicando melhor bem-estar de vacas leiteiras criadas a pasto no centro-oeste do Brasil. A sombra dispersa também proporcionou homogeneidade na distribuição das fezes. A sombra única foi insuficiente para o efetivo bem-estar dos animais, indicado pelas variáveis fisiológicas e comportamentais avaliadas nesse estudo.

link para o texto completo:

http://www.emater.df.gov.br/sites/200/229/00002293.pdf
ou
http://www.tede.ufsc.br/teses/PAGR0239-D.pdf

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Queijo Minas - História.

O queijo é um dos alimentos processados com registros mais antigos na história da humanidade. Sua fabricação remonta ao ano 10.000 a.C., época da domesticação de cabras e ovelhas pelos pastores egípcios, um dos primeiros povos que utilizaram o leite e o queijo como fontes importantes de alimentação.
A receita do produto teria surgido a partir da observação do processo natural de coagulação do leite em que a massa foi separada do soro e moldada, com o que se obteve um alimento simples e nutritivo. Séculos depois, com a domesticação do gado bovino, o processo evoluiu e se transformou no queijo de leite de vaca.
Na Antigüidade Grécia e Roma testemunharam o processo produtivo do queijo. Mas foi especialmente em Roma que se pode colher elementos que ajudaram a explicar a origem da fabricação do queijo que ainda persiste nos dias atuais, justificando-se o emprego da palavra queijo, CASEUS, do latim.
Segundo registro de Columella, em tratado sobre a lavoura, escrito em 60 - 65 d.C., a produção do queijo fresco em Roma era feita a partir da coagulação obtida pela adição do "coagulum", coalho extraído do quarto estômago de um cordeiro ou cabrito. O leite coagulado era espremido para a retirada do soro e depois salpicado com sal e deixado endurecer ao sol. Atribui-se, então, a Roma a consolidação da fabricação do queijo segundo normas de qualidade e técnica de produção, o que garantiu ao produto o status de alimento nobre, conhecido em todo Império Romano. Após a queda do Império Romano, com as invasões que devastaram todo o continente, milenares receitas e técnicas de fabricação do queijo foram esquecidas. Apenas em longínquos mosteiros ficaram preservados alguns dos métodos mais antigos de produção. Nesse particular, observa-se a força da Igreja na Idade Média, com influência na economia da Europa Ocidental.
No Brasil, a técnica de produção do queijo foi introduzida pelos colonizadores portugueses, logo nos primeiros anos da Colônia. O leite proveniente do gado bovino trazido para cá, também nesta época, além de alimento foi utilizado para a fabricação do queijo tipicamente artesanal, a partir da receita portuguesa da Serra da Estrela.
Na segunda metade do século XVIII, os exploradores de ouro partiram para as regiões das minas no Brasil Central, levando a prática da elaboração artesanal do queijo para as fazendas, desenvolvendo, sobretudo, o chamado Queijo Minas.
O Queijo Minas desenvolveu-se, então, baseado na técnica portuguesa da Serra da Estrela, com a variação no que diz respeito ao coagulante. O queijo da Serra da Estrela era fabricado com a aplicação de extrato de flores e brotos de cardo (planta de flores amarelas, folhas acinzentadas com espinhos e caule ereto revestido de pelos) e o Minas era preparado mediante aplicação de coagulante desenvolvido a partir do estômago seco e salgado de bezerro ou cabrito.
Na região do Serro, o queijo chegou pela trilha do ouro, na bagagem do explorador do minério. Mas só no momento após a decadência da mineração e depois do ciclo rural mais promissor, o da cana-de-açúcar, é que o queijo se estruturou como elemento de alavancagem da economia. A fama desse queijo permanecia latente entre os habitantes deste município e os das cidades vizinhas, principalmente Diamantina, para onde era exportado em lombo de burro e acondicionado às dúzias em jacás de taquara ou em bruacas de couro cru, conduzido pelos tropeiros.
Somente na década de 30 é que a fama do Queijo do Serro se consolidou com a abertura da estrada de rodagem Serro-Belo Horizonte, via Conceição do Mato Dentro, quando se formaram timidamente as empresas exportadoras do famoso produto.
Posteriormente avançou pelo Sertão (cerrado mineiro) e chegou as Serras da Canastra e do Salitre. Hoje o Queijo Minas è tombado pelo patrimônio histórico e reconhecido pela legislação sanitária (o único queijo brasileiro que pode ser fabricado sem pasteurização), pela qual foi tolerado¹ durantes décadas, devido a sua importância social e econômica.
A fabricação do queijo teve como inspirações: aumentar a conservação do leite para obtenção de um produto mais durável de paladar típico, saboroso e atrativo, no qual se concentram os principais componentes nutritivos da matéria-prima e o aproveitamento do leite produzido nas fazendas com um produto de volume reduzido, com maior rentabilidade em relação ao in natura, em determinadas épocas do ano.
O Queijo Minas está intimamente ligado à cultura mineira, além do seu consumo solteiro ou acompanhado de um café amigo feito na hora ou da também tradicional Cachaça de Minas, participa de várias receitas da culinária mineira, tais como: Pão-de-Queijo, Romeu & Julieta ou Cargueirinho (servido com goiabada ou bananada), Pamonha de milho, etc.

1. A Legislação Sanitária no Brasil feita para atender as necessidades das Exportações, principalmente no período pós 2ª guerra mundial, exige para a fabricação do queijo a pasteurização do Leite. Incompatível com a tecnologia de produção do Queijo Minas. Atualmente, em Minas Gerais, existe uma legislação especícica para a fabricação do "queijo minas".

Evolucão e comportamento animal

Charles Darwin abriu nossa mente para entendermos o mecanismo pelo qual as populações evoluem. Essencialmente, a seleção natural se refere a taxas de reprodução e mortalidade: organismos melhor adequados a um ambiente sobrevivem e produzem descendentes igualmente bem adaptados. Após muitos ciclos reprodutivos, as características dos mais adaptados passam a predominar na população. Esse mecanismo, que ao longo do tempo provoca mudanças nos seres vivos, pode ser decomposto em cinco passos básicos: Variação, Herança, Seleção, Tempo e Adaptação.
Variação e Herança – Indivíduos de qualquer espécie raramente são exatamente iguais, interna ou externamente. Podem variar em tamanho, cor ou resistência às doenças, entre outras características. Freqüentemente essa variação é resultado de mutações aleatórias ou “erros de cópia”, do DNA, que ocorrem quando células se dividem durante o desenvolvimento de novos organismos. Ao se reproduzir, os organismos transmitem à sua prole o seu DNA, conjunto de instruções codificadas em células vivas. E como muitas características são codificadas no DNA, geralmente a prole herda a informação genética destas variações observadas em seus pais.
Seleção – Os recursos da natureza são limitados, nascem mais organismos do que podem sobreviver e alguns terão maior sucesso para achar comida, acasalar ou evitar predadores. Ou seja: melhor condição de sobreviver e se reproduzir.
Tempo e Adaptação – De geração em geração, características vantajosas ajudam alguns indivíduos a sobreviver e a se reproduzir. Passadas para um número cada vez maior de descendentes, após algumas milhares de gerações (dependendo das circunstâncias), estas características se tornam comuns, e o resultado é uma população mais bem adaptada ao ambiente.
O estudo do comportamento animal, através de respostas ás questões de “como” o comportamento influencia ou é influenciado pela evolução, têm-se as conclusões das causas diretas do comportamento. Já as questões do “porque” estes comportamentos ocorrem têm-se as conclusões fundamentais da causa. As questões de “como”, perguntam como um indivíduo faz para controlar uma atividade; elas (as questões) perguntam como os mecanismos dentro do animal operam, permitindo a criatura se comportar de certa maneira. As questões do “porque” perguntam por que o animal evoluiu os mecanismos que causam a performance de uma atividade. Os dois tipos de questões são complementares, e não antagônicas, por que elas lidam com diferentes e fundamentais níveis de análise.
As Questões de “como”, trata das reações a estímulos e trabalha com questões sobre: Qual é a relação causal entre os genes do animal e seu comportamento? Será que esta característica é até certo ponto herdada dos parentes? Como o desenvolvimento do animal a partir de uma simples célula a um adulto multicelular tem afetado seu comportamento? Qual estímulo desencadeia a resposta e como estes estímulos são detectados? Como os sistemas muscular e nervoso estão integrados para permitir a reação ao estímulo? A Resposta as essas questões leva a explicação das causas diretas, lidando com os efeitos de hereditariedade e desenvolvimento da construção dos mecanismos subliminares e também “como” os mecanismos totalmente desenvolvidos atualmente trabalham para causar a reação.
As Questões de “porque”, trata das causas fundamentais e se baseia em: Como o comportamento ajuda o indivíduo a superar obstáculos para sobreviver e reproduzir? Como o comportamento evoluiu? Como o comportamento mudou através do tempo? Qual foi o passo original no processo histórico que levou a existência do comportamento atual? Essas são todas questões sobre as razões evolutivas, ou de conseqüência fundamental, do porque um animal faz algo. Se o resultado do comportamento tem sido de salvar as vidas no passado, então o processo evolutivo é parcialmente responsável pelo comportamento dos indivíduos hoje. Os genes que existem contemporaneamente são apenas uma pequena parte dos genes que já existiram. Aquele que conseguiram administrar o meio e persistir até o presente são genes que de alguma forma contribuíram para sua própria sobrevivência. Se um gene influenciou a aparência ou o comportamento de forma que a ajudou na sobrevida do animal, estes genes teriam uma melhor chance de serem passados para os descendentes.
Alguns etologistas assumem que a seleção natural produziria animais que sacrificavam seu sucesso reprodutivo para o benefício geral de sua espécie. Esse jeito de pensar é baseado na teoria de seleção de grupo. A maioria dos biólogos hoje rejeita esta teoria do “para o bem da espécie” que propõe que quase todos os aspectos do comportamento animal ajudariam as espécies a manterem baixas suas populações para evitar a destruição da base alimentar na qual depende sua sobrevivência e que apenas aquelas espécies que possuíam mecanismos de regulação populacional teriam sobrevivido ao presente; outros desprovidos destes mecanismos teriam certamente tornado-se extintos através da super-exploração de recursos críticos dos quais sua sobrevivência dependia.
A utilização da teoria Darwinista (seleção individual) desenvolve diferentes tipos de hipóteses finais do que aqueles que se baseiam em teorias da evolução de seleção de grupos. A mesma relação entre teoria e desenvolvimento de hipóteses existe em estudos dos fundamentos do comportamento. A teoria que o desenvolvimento de organismos ocorre por causa de uma interação de herança genética do indivíduo e seu ambiente tem tido grande influência no debate sobre as causas do comportamento instintivo e do comportamento aprendido.
Existem duas diferentes teorias sobre as forças de seleção que podem influenciar a evolução das espécies. Charles Darwin propôs que a mudança evolutiva ocorrerá pela seleção natural atuando no nível dos indivíduos se os indivíduos geneticamente diferentes tiverem números diferentes de proles sobreviventes. Wynne-Edwards propôs que a mudança evolutiva ocorrerá pela seleção de grupos se grupos geneticamente diferentes ou espécies diferirem significativo ao longo de suas mudanças de sobrevivência por causa das diferenças genéticas entre eles. Atualmente, a ciência é capaz de estudar a evolução de maneira que Charles Darwin nunca pode fazer. Novas tecnologias e ferramentas, como análises de DNA e métodos acurados de datação de fósseis, comprovam a teoria deste grande Naturalista. Mas também mostram que a evolução ocorre em taxas variáveis.
Às vezes, novas espécies ou variedades surgem em questão de anos, até mesmo dias. Outras se mantém estáveis por longos períodos, com pouca ou nenhuma mudança. Sabe-se que as características de organismos que se reproduzem em poucas horas, bactérias, podem potencialmente evoluir muito mais depressa do que organismos cujas gerações são medidas em meses ou anos. Por isso a sempre novas vacinas para a gripe: para combater variedades novas recém evoluídas de vírus. Além disto, se a evolução pode levar séculos na natureza, a ação do homem pode acelerar o processo, criando organismos com características específicas, numa evolução pela seleção artificial.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Etologia Aplicada - Pequeno Resumo

INTRODUÇÃO

A Etologia é o estudo científico do comportamento animal, tanto individual como coletivo em seu ambiente natural ou habitual, e como este se relaciona com seu entorno animado e inanimado. A Etologia veterinária estuda as espécies domesticadas como meio de assegurar sua saúde e função, tratando-se neste caso, de uma ciência aplicada.
A conduta dos animais adultos é uma mescla dos componentes herdados ou inatos, que são os constituídos de reflexos simples, as respostas compostas e padrões de conduta complexos, e dos adquiridos que são os reflexos condicionados, as respostas aprendidas e os hábitos gerais. Estes podem se misturar e proporcionar uma ampla gama de condutas. As manifestações do comportamento podem ser chamadas de “linguagem corporal”.
Os pioneiros da Etologia foram Lorens, Von Frisch e Tinbergen. A ciência do comportamento animal se divide em duas escolas. A Européia, que chamam a si mesmo de Etólogos e se concentram no comportamento instintivo, observando os animais na natureza e a Americana, psicologista, que está mais interessada no comportamento sob condições de laboratório controlado. Mas ambas reconhecem Lorenz como “o pai da moderna Etologia”. Lorenz dizia que o comportamento animal, tal qual sua adaptação física, faz parte de seu sistema de sobrevivência.
A etologia reconhece a existência do comportamento motivado dos animais, tal comportamento implica na existência de emoções, tais como: dor, fome, medo e raiva. Já que estes têm dispositivos anatômicos e fisiológicos similares aos do homem, em alguns casos até mais agudos.
O Conceito contemporâneo sobre dor e estresse pode ser descrito em três aspectos simples: 1) O estado de desconforto está na relação com qualquer interferência adversa com o estado normal de saúde ou bem-estar do animal. 2) O estresse é um processo físico, com manifestações extensas que revelam uma tensão ou ansiedade relacionadas com fatores ambientais. 3) A dor é reconhecida por sintomas comportamentais como disputas, gritos, gemidos ou convulsões.

A NATUREZA DO COMPORTAMENTO.

O comportamento animal é o resultado de complexas relações que se estabelecem entre este e o meio. O entendimento dos mecanismos fisiológicos é importante para compreensão Etológica. Deve-se se dar atenção especial para os órgãos sensoriais e aos mecanismos neurais e endócrinos.
Sistema Nervoso – Os órgãos sensoriais recebem os estímulos e transformam estes em respostas dos animais na forma de excitação, este mecanismo é feito pela condução de sinais elétricos até o SNC e o retorno na forma reflexa. As sinapsis fazem a conexão entre as células nervosas e podem regular a intensidade destes impulsos e a rota dos mesmos.
Cortex Cerebral – Atua como uma unidade onde recebe e reorienta os impulsos nervosos. Possui uma multiplicidade de células e rotas neurais que permitem uma grande variabilidade na forma que podem canalizar os impulsos nervosos.
Hipotálamo – onde se integram e regulam os padrões de atividade nervosa para estabelecer as relações adaptativas dos animais. Regula o funcionamento da Hipófise (produção hormonal).
Sistema Endócrino – juntamente com o sistema nervoso é imprescindível na regulação da fisiologia do animal, buscando equilibrar os fatores do comportamento, meio e estado interno. A Hipófise está intimamente ligada ao hipotálamo pelo sistema porta e a glândula responsável por regular (através do LH e do FSH) a produção dos hormônios pelas glândulas endócrinas. Produz também a ocitocina que atua no útero e na estimulação à lactação. As Tireóides produzem a tiroxina, relacionada na maioria das atividades orgânicas relacionadas à produção de energia. As Adrenais são glândulas que produzem substâncias esteróides. Nos machos chamados de andrógenos que apóiam a produção da testosterona pelos testículos. De grande importância na reprodução já que distúrbios no seu funcionamento causam alterações no comportamento sexual. Produz também a adrenalina responsável por variações de comportamento: padrões de ameaça, fuga e suas combinações. As descargas deste hormônio conduzem ao comportamento agonistico como: agressão entre os machos, a proteção maternal e secreção láctea (interrupção). Os Testículos produzem a testosterona responsável pela maioria dos comportamentos típicos dos machos. Os Ovários produzem o estrógeno é responsável pelos sinais do cio e a progesterona que além de regular o ciclo estral é responsável pela manutenção da gestação. A pineal produz a melatonina que controla o comportamento reprodutivo através do estimulo luminosos e as endorfinas são hormônios cerebrais com características opiáceas com capacidade de eliminar a dor, controlar a emoção, incrementando a concentração.
Pode-se deduzir a motivação em função do comportamento. A motivação resulta de um conjunto múltiplo circunstâncias que são os fatores estimulantes. A Etologia considera que algumas motivações têm origem hereditária e são denominadas de impulso. Dentre elas temos as sexuais, maternas, alimentares, que são mais claramente identificadas, e as lúdicas, exploratórias e auto-conservação, que são identificadas menos claramente.
A motivação para o animal tem o caráter de conseguir um objetivo, sendo este, principalmente a manutenção, ou seja, ter as necessidades corporais satisfeitas, como: ingestão, cuidados corporais e reprodutivas.
A Emocionalidade trata-se de um fenômeno complexo relacionado à motivação, coordenado pelo sistema límbico, cuja atividade tem como resultado a ampla variedade de respostas autônomas e os movimentos que constituem o comportamento. São três sistemas neurais: a aproximação de forma exploratória, interrupção do comportamento que está sendo manifestado e comportamento agressivo
O Impulso se define por “estímulos de manutenção” e é controlado pelo hipotálamo e estão intimamente ligados as circunstâncias de manejo e ambientais, sofrendo influência das diferenças entre indivíduos e das relações sociais, já que às vezes a ação do grupo se sobrepõe às individuais nos impulsos para a alimentação, a locomoção, o cuidado corporal, o territorialismo e o descanso.
A organização das reações segue uma hierarquia que parte destes as respostas reflexas mais simples (comportamento medular) até as respostas mais complexas (comportamento cortical). As reações mais simples não são perdidas quando se adquire por aprendizado aquelas reações mais complexas, apenas passam a ser controladas por estas. As reações mais complexas estão ligadas ao desenvolvimento evolutivo das espécies, a idade do animal, seu desenvolvimento, relação com meio (estímulos externos), etc.
Os órgãos do sentido recebem os estímulos do meio, portanto tem muita importância, já que o animal vai produzir seu comportamento a partir desta interação que realiza com o ambiente. Pode-se citar a visão que pode dar ao animal noção de espaço, cor, profundidade, reconhecimento de seus pares, entre outros. O olfato e a produção de feromônios (secreções odoríferas) relacionados à alimentação e reprodução (reconhecimento da fêmea em cio pelo macho, hierarquização, etc.)
Através do aprendizado os animais adquirem as características do comportamento adquirido e que vai determinar o nível de adaptação do animal ao ambiente, ou seja, condiciona o comportamento inato dos animais. Os animais jovens são mais suscetíveis ao aprendizado que os adultos, portanto se não forem dados os estímulos para o desenvolvimento desde ao nascimento (alguns autores consideram desde a vida intra-uterina) a adaptação, sobrevivência e produção estarão comprometidas.
A aprendizagem se desenvolve através de vários sistemas sendo os mais importantes: O condicionamento clássico, como por exemplo, o comportamento de reunião das vacas ou dos suínos com o barulho da distribuição dos alimentos e o condicionamento operante, que seria o de tentativa e erro.
O clima influencia o comportamento dos animais em vários aspectos, já que estes precisam se adaptar as mudanças climáticas, de modo que afete o menos possível a sua fisiologia. Em termos de termoregulação, os animais realizam mudanças no comportamento, no sentido de procurar a sombra em dias quentes, o sol em dias frios, a proteção contra os ventos, etc. A ingestão de água e alimentos também são bastante influenciadas pelas mudanças climáticas e isto interfere de maneira significativa na produção. A reprodução também é afetada porque algumas espécies de animais possuem estação reprodutiva determinada pelo fotoperíodo, o calor excessivo pode diminuir os sinais de cio e a libido dos touros.
A densidade social influencia o comportamento tanto pelo isolamento, quanto pela superpopulação. Nas interações entre os indivíduos, a hierarquização é modificada e adaptada ao espaço disponível, ao tamanho dos lotes, etc.
Com a sujeição, que seria o uso da força e de instalações adequadas, pode-se conduzir o comportamento animal com o objetivo de facilitar o manejo.


O COMPORTAMENTO DO DESENVOLVIMENTO.

As características do comportamento surgem e mudam durante o desenvolvimento do animal. A atenção as necessidades etológicas específicas podem contribuir para a diminuição da mortalidade, assim como para o bom desenvolvimento dos animais de produção. Desde a idade fetal o animal já mostra movimentos que podem ser observados, principalmente no terço final da gestação. A realização deste comportamento de forma normal é importante para que o feto chegue ao parto em boas condições. Isto auxilia na hora do parto e nas primeiras horas de nascido.
No pós-parto tanto o recém nascido como a mãe tem comportamento específicos e inatos que propiciam o mutuo reconhecimento. No caso de recém nascido, este passa por etapas essenciais que são: o decúbito coordenado, a elevação, a ambulação, a exploração ambiental, a procura do úbere e por fim a ingestão do leite.
As brincadeiras (jogos) infantis são importantes para o desenvolvimento e organização social precoce, porém as brincadeiras individuais ajudam no desenvolvimento muscular.
Existem variações entre as espécies, mas estas se dão mais em termos da duração dos processos. O desenvolvimento do neonato, assim como a sua relação com a mãe e o ambiente são bastante similares e misturam fatores inatos e de aprendizado.

O COMPORTAMENTO DE MANUTENÇÃO.

A manutenção é a base para que a produtividade animal tenha êxito, sendo esta, responsável por grande parte do comportamento animal.
A reatividade seria o comportamento na sua forma reflexa e exigem uma sintonia entre o sistema nervoso central e o sistema periférico. O principal resultado deste sistema é a agressão e as vocalizações.
A ingestão de alimento, assim como a sua seleção, se relaciona diretamente como o comportamento do animal, ou seja: a forma de apreensão do alimento, número de bocados, tempo de pastoreio, tempo de ruminação, relação social (hierarquia), apetite, tipo de exploração (confinada ou não), dentre outros fatores. O animal precisa expressar seu comportamento de ingestão inato de forma adequada e se adaptar, via aprendizado, aos desafios impostos pelo ambiente do sistema de criação de forma que possa se satisfazer em quantidade e qualidade.
Os animais demonstram forte impulso na investigação do conteúdo ao seu entorno, este impulso vai desaparecendo na medida em que o ambiente vai se tornado familiar, mas a cada fato novo a curiosidade é despertada novamente. A necessidade de percepção sensorial e determinação crítica ativa o impulso exploratório com a finalidade de resolver um problema concreto.
Os animais já nascem com padrões cinéticos pré-determinados e possuem ritmos e fases. Estes padrões cumprem demandas locomotoras substanciais que são importantes para o animal, principalmente para os que se alimentam em pastoreio. Mas também estão relacionadas a outras atividades físicas, como respiração, lúdicas, reprodução e relação social.
Os animais estabelecem relações, mantidas pelo comportamento, estas relações são de hierarquia social, relação, relação com o homem, etc. Estas relações comportamentais se formam basicamente através do espaço individual e a relação que este tem com seus companheiros de grupo, ou seja, com o comportamento territorial.
O cuidado corporal também demanda tempo dos animais e é importante para reforçar as relações sociais e ajudar higiene cutânea. O repouso e sono são importantes para a manutenção, pois o animal pode utilizar a energia de forma mais eficiente.

PADRÕES DE COMPORTAMENTO DAS ESPÉCIES

O comportamento das espécies, principalmente o inato, segue em geral os mesmo padrões, variando devido às características morfológicas e fisiológicas específicas de cada uma delas. Os padrões evolutivos e a “inteligência” dos animais podem influenciar no comportamento aprendido.

COMPORTAMENTO REPRODUTIVO

O comportamento do macho, mais conhecido como a libido, na maioria das espécies é estável durante toda sua vida reprodutiva, já que as taxas hormonais são constantes, a exceção das espécies que tem a estação reprodutiva estacional (normalmente determinada pelo fotoperíodo). A libido está relacionada à hereditariedade, sendo muito importante se levar em consideração este fator na seleção de reprodutores. A fêmea já tem o comportamento muito variável e dependente dos ciclos hormonais e só aceitam a cópula na fase estral do ciclo (com exceção das aves). O parto tem várias fases de mudança de comportamento e se divide em pré-parto, parto e pós-parto. Nestas fases passa por comportamentos de isolamento, diminuição do apetite, inquietação, se deitar e se levantar, contrações e por último a comportamento maternal que representa o reconhecimento da cria e o auxilio nos seus primeiros momentos de vida.

ANORMALIDADES DO COMPORTAMENTO.

O stress é uma resposta fisiológica e comportamental do animal a fatores do Ambiente. Normalmente o animal tenta se adaptar as condições adversas, mas quando o estimulo, ou é de grande intensidade, ou de duração prolongada, pode causar alterações nos animais. Estas alterações podem ser patológicas quando se mostram clinicamente, na mudança da fisiologia do animal, ou podem ser comportamentais, vistas na forma de comportamentos anômalos, que seriam: depravação de apetite, canibalismo, polidipsia, aerofagia, vícios de mamada em outros animais, lambeduras excessivas, mordidas, balanceio, coprofagia, só para citar algumas. O certo é que a clínica veterinária, em busca de diagnósticos das perturbações animais, pode se utilizar dos benefícios proporcionados pelo estudo do comportamento animal, fazendo uma relação entre este a as alterações clinicas observadas. E os criadores usarem estes conhecimentos na busca pela produtividade, sem que, com isto prejudiquem o bem-estar dos animais.

Referência: Comportamiento de los Animales de Granja (Fraser,A.F.1980).

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Interações Ecológicas! Morcegos amigos.

Os morcegos (Reino: Animália - Filo: Chordata - Classe: Mammalia - Infra-Classe: Placentalia - Ordem: Chiroptera) são os únicos animais mamíferos capazes de voar. Representam um quarto de toda a fauna de mamíferos do mundo: são cerca de mil espécies, que possuem uma enorme variedade de formas e tamanhos, tem uma enorme capacidade de adaptação a qualquer ambiente e ampla variedade de hábitos alimentares, nunca vista em nenhuma outra ordem animal, pois podem se alimentar de frutas, néctar, pólen, insetos, artrópodes, pequenos vertebrados e peixes. Somente três espécies se alimentam de sangue, ou seja, são morcegos hematófagos, encontrados apenas na América Latina e no Sul do México.
Contribuem substancialmente para o equilíbrio dos ecossistemas, pois atuam como:
- POLINIZADORES auxiliando na reprodução de mais de quinhentas espécies de plantas, visitando as flores que abrem a noite, transportando o pólen de flor em flor. Cerca de dois terços das angiospermas das florestas tropicais do mundo são polinizadas por eles.
- DISPERSORES DE SEMENTES, ao ingerir um fruto, o morcego deixa cair as sementes em locais distantes do original, onde podem nascer novas árvores. Mais de quinhentas pequenas sementes podem ser transportadas por um único morcego a cada noite. A dispersão das sementes faz com que eles sejam os principais responsáveis pela regeneração de florestas degradadas.

- CONTROLADORES DAS POPULAÇÕES DE INSETOS, Algumas espécies ingerem duzentos ou mais insetos em apenas alguns minutos de vôo. Possuem o extraordinário sentido de ecolocalização ou biosonar ou ainda orientação por ecos, que utilizam para voar por entre obstáculos ou para caçar suas presas.

- FONTE DE ALIMENTO para as outras espécies da floresta. Na teia alimentar os morcegos pequenos são às vezes presas de corujas e falcões. De maneira geral, há poucos animais capazes de caçar um morcego. O gato doméstico é um predador, pega morcegos que estão entrando ou deixando um abrigo, ou no chão. Também existem relatos de algumas espécies de sapos e lacraias cavernícolas que predam morcegos, além, é claro, de morcegos carnívoros maiores. Marsupiais brasileiros, como gambás e cuícas da família Didelphidae, também costumam predar morcegos. São parasitados por pulgas e carrapatos. Alguns grupos de insetos sugam apenas o sangue de morcegos, por exemplo as moscas-de-morcego, pertencentes às famílias Streblidae e Nycteribiidae.

- ADUBO NATURAL. As fezes dos morcegos constituem excelente adubo natural. Foram intensamente exploradas até ao desenvolvimento de adubos industriais.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Manejo Sanitário Agroecológico

1) INTRODUÇÃO

Os animais silvestres sofrem uma grande influência do ambiente em que vivem, os domésticos, mais ainda. Isto se deve ao “redirecionamento” na sua evolução genética (cruzamentos dirigidos) e nas alterações ambientais causadas pelo homem.
A sanidade animal se expressa através de numa interação entre o homem, o animal e o ambiente. Estes três fatores se relacionam de forma a favorecer ou prejudicar a saúde dos animais.
O homem - a partir de seus conhecimentos, crenças e capacidade financeira - irá comandar o relacionamento entre estes fatores. Este tem o poder de modificar o ambiente, de escolher a raça de animal a ser criada, de escolher o tipo de alimentação fornecido, de como vai construir as instalações que abrigará os animais, de tomar a decisão de como cuidar destes animais, entre outras. Em resumo: o homem vai manejar, ou seja: fará toda ação desde o planejamento, a execução e a avaliação dos resultados de uma propriedade e a relação dela com meio em que esta inserida (ambiente, mercado, etc.).
Os animais dependem de como o homem organizou tudo isto. Estes não têm como escolher seu espaço, seu abrigo e de se alimentar fora destes limites que lhe foram impostos. Sendo assim, qualquer ação feita pelo homem, repercutirá na saúde dos animais, que respondem a esta intervenção através de sinais. As doenças são manifestações destes sinais e indícios de um manejo inadequado.
Para tratar um animal doente numa propriedade, não basta examiná-lo clinicamente e prescrever-lhe um medicamento. Isto não resolverá, porque este está manifestando os sinais de algum problema dentro de um contexto geral.
A solução seria uma consciência, tanto dos criadores quanto dos técnicos, da importância de uma medicina veterinária preventiva. Onde seriam avaliados todos os aspectos do ambiente (externo e interno), dos animais, do sistema de criação e do proprietário. Para juntos elaborarem um plano de manejo geral.
Segundo Márcia Guelber, em seu livro Criação de Galinhas em Sistemas Agroecológicos, “O manejo em uma criação ecológica requer a mudança de atitudes em relação à sanidade dos animais. A agroecologia pressupõe muito mais as atitudes de cooperação, que significam:

- melhorar a vida em todas as instâncias: solo, plantas e animais, sejam eles pequenos seres invisíveis, sejam nossas espécies domesticadas;

- aumentar a resistência e a tolerância dos animais, através da escolha de espécies e raças adaptadas e rústicas e de um manejo que propicie a alimentação saudável e o contato benéfico com o sol e ar puro;

- melhorar o bem estar animal;

- dar liberdade para a expressão do comportamento natural e atender às necessidades de espaço, reprodução, alimentação, vida social, territorialidade, abrigo, etc.”

Exceções seriam algumas doenças genéticas que estatisticamente não tem muita relevância em termos de rebanho ou econômicas.”

2) SAÚDE

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS): Saúde seria – o estado de equilíbrio e completo bem-estar físico, mental e social (OMS). E Não simplesmente a ausência de doença.
A natureza é o modelo. Na natureza tudo tende ao equilíbrio. Toda agressão que se faz ao ambiente ou ao animal têm-se uma resposta.
É necessário que haja um desequilibro de alguns fatores para que se estabeleça um quadro patológico, ou seja: para que os animais adoeçam.
Estes fatores são:

a) Hospedeiro: Seria o animal, este precisa ter predisposição para ficar doente. Ou seja: estar com a imunidade baixa. Isto se deve a estresse, má alimentação, instalações inadequadas, manejo inadequado, etc.
b) Agente causal: seria o agente infectante (bactéria, vírus, vermes, etc.). Não basta este estar presente, precisa ter poder infectante. Ou seja: quantidade e “poder-de-fogo” necessários para provocar a doença.
c) Ambiente: seria tudo que esta em volta influenciando os dois anteriores. Pode atuar no hospedeiro diminuindo sua resistência (manejo inadequado atuando como causador de estresse) e no agente causal dando condições para o aumentando de sua população (falta de higiene).

O uso de drogas alopáticas, ou seja: produtos químicos e medicamentos sintéticos, tem o benefício da cura rápida. Mas não atuam na verdadeira causa das doenças. Por exemplo: ao se administrar um antibiótico para matar um determinado microorganismo que causa infecção em um animal (como uma mastite, uma pneumonia, etc.). este se recuperará, e não mais manifestará os sintomas da doença. Mas se o que causou este problema, seja a má alimentação, instalações inadequadas, raça de animal inadequada para aquele clima ou tipo de manejo, falta de higiene nas instalações, falta de composição do ambiente segundo exigências da criação quanto a seu bem estar, entre outras... não for corrigido o animal voltará a adoecer, será preciso tratá-lo novamente, mais e mais vezes quanto forem necessárias. Isto cria resistência nos microorganismos e o poder combate das drogas vai ficando cada vez mais fraco e ineficaz. O animal em tratamento, ou após, durante o período de carência, não pode ter seus produtos comercializados aumentando mais ainda os prejuísos. Este exemplo se repete para todos os tipos de tratamentos com vermicidas, carrapaticidas, mosquicidas, etc.
Com o uso indiscriminado destas substâncias os produtos de origem animal, os cursos d’água, o solo, acabam sendo contaminados e contaminando o Homem que vive neste ambiente, lida com estes animais e consome tais produtos.

3) BEM ESTAR ANIMAL

Hoje tem se dado bastante importância ao bem estar dos animais. Várias pesquisas tem sido feitas nesta área e está provado que os animas adoecem menos e produzem mais se estiverem sob conforto. Para se sentirem confortáveis precisam de um espaço mínimo necessário, clima adequado e alimento de qualidade a disposição. Se algum destes fatores não forem satisfeitos o animal entrará em estresse e estará abrindo uma porta para a entrada de doenças.
Os animais gostam de guardar um território de segurança, ou seja um espaço mínimo para se sentirem seguros. Quando isto não é respeitado os mesmos tornam-se mais agressivos, começam a brigar, entre outros tipos de manifestações que levam a contusões (machucados) e perda de produtividade.
A falta de conforto térmico compromete todo o metabolismo do animal, causa um depressão do sistema imunológico, perda de apetite e dimuição da produção e capacidade de reagir aos desafios do ambiente.
As ações em favor do bem estar dos animais seriam: a composição de um ambiente favorável a proliferação da vida como um todo (biodiversidade), a construção de instalações de tamanho compatíveis com o número de animais a serem alojados e com um desenho tal que proporcione um clima agradável, quantidade de cochos e bebedouros compatíveis com o número de animais existentes para evitar a competição, disposição e tamanho das pastagens e instalações, entre outras.

4) ALIMENTAÇÃO

Segundo o dito popular: “a saúde entra pela boca”. Logicamente a doença também.
Não existe um alimento completo. O leite ou o ovo, por exemplo, são alimentos riquíssimos, mas apenas atendem as exigências de alguma categoria animal durante uma fase especifica de sua vida, no caso, fase lactante e embrionária, respectivamente.
Nenhum animal conseguiria sobreviver com saúde se alimentando sempre de apenas um tipo de alimento (por exemplo: Um bovino num pasto formado apenas com uma espécie de capim sem qualquer tipo de suplementação).
A dieta deve ser diversificada. Quanto mais tipos de alimentos diferentes o animal receber, maiores chances terá que suas exigências nutricionais sejam atendidas. Deve-se fazer a mistura de alimentos de forma que a quantidade de nutrientes exigidas para cada espécie, categoria, estado fisiológico (lactação, gestação, etc.) seja atendida (balanceamento). A falta de algum nutriente pode causar carência e o excesso causar intoxicação.
Os alimentos contém nutrientes que desempenham funções vitais nos animais. Estão intimamente relacionados ao desenvolvimento, produção, reprodução, etc. citaremos algumas classes de alimentos e suas respectivas funções e importância:

a) Carboidratos - Incluem diversos compostos, principalmente o amido, os açucares e a celulose (fibra). Os carboidratos, à semelhança das Graxas, funcionam de preferência como fontes de energia, pois, ao serem “queimados” no organismo animal liberam calor e energia, usados para estes fins: manutenção da temperatura do corpo, formação de gordura, produção de açúcar e gordura no leite, suprimento de energia para a atividade muscular, digestão, respiração e manutenção da vida do fetos, etc.

b) Graxas – (ou lipídeos) são compostos orgânicos encontrados nos tecidos de plantas e animais. A quantidade de graxa ingerida pelos bovinos com os alimentos são relativamente pequenas, porém importantes pelo elevado teor energético e pelas influências que exercem no organismo. Além de funcionar como reserva de energia, desempenha ainda as seguintes funções: age como isolante térmico, forra as cavidades corporais a fim de proteger órgãos se sensíveis como os rins, entram na composição das estruturas celulares. Finalmente, são necessárias para o aproveitamento as vitaminas liposolúveis. Quando ingeridas em excesso provocam perturbações digestivas.

c) Proteínas - são empregadas no corpo para a formação de tecidos durante o crescimento e para a reposição das células continuamente renovadas. São encontradas nos músculos, ossos, tendões, sangue, unhas, chifres, pele e pelos. Todas as categorias de animais tem necessidade de proteínas, para os seguintes fins: o animal novo, para o desenvolvimento; a fêmea em gestação, para o crescimento do feto e dos órgãos ligados à reprodução e a lactação; a vaca em lactação, para a produção de leite; todos os animais, para a manutenção do peso e para cobrir as necessidades decorrentes da elaboração de enzimas e hormônios; os indivíduos convalescentes de doenças e ferimentos, para a recuperação do estado normal.

d) Minerais – desempenham no organismo animal funções múltiplas e complexas, relacionadas com o crescimento, manutenção, reprodução e produção. O Cálcio, fósforo e magnésio são essenciais para a formação dos ossos, que funcionam como armazéns reguladores de reservas minerais continuamente depositadas e mobilizadas. O enxofre é importante para a formação de alguns aminoácidos (precursores de proteínas). O Ferro entra na constituição da hemoglobina (sangue), mioglobina (músculo) e enzimas diversas (digestão). O Zinco esta presente na pele, ossos e fígado, além de integrar várias enzimas e estar relacionado com a síntese de proteínas e com o metabolismo de carboidratos. O manganês tem funções ligadas ao crescimento e reprodução. As funções do iodo são exercidas sobre hormônios relacionados com a formação do sistema nervoso, esqueleto, metabolismo basal e metabolismo dos açucares, proteínas e água. O cobre é componente dos glóbulos vermelhos (sangue) e essencial para que os mesmos se formem e se mantenham ativos na circulação. O molibdênio, embora essencial, quando ingerido em excesso prejudica o crescimento e a produção de leite. Flúor em excesso prejudica os dentes e o esqueleto. O selênio em excesso provoca manqueira, queda de pelos, deformações nas unhas, entre outras anormalidades, sua carência causa retenção de placenta.

e) Vitaminas – São compostos orgânicos que entram na ração em quantidade muito pequena mas são muito importantes para que a saúde seja assegurada. A vitamina A exerce funções de proteção da visão, intervêm no metabolismo protéico, mantém a integridade dos epitélios, é necessária para a normalidade da reprodução e crescimento. A vitamina D exercem importantes funções no metabolismo de cálcio e fósforo. A vitamina E tem funções relacionadas a fertilidade e com a normalidade dos tecidos conjuntivos, nervoso e hepático. desenvolve ação antioxidante. A vitamina K influencia a coagulação do sangue (anti-hemorrágica). As vitaminas do complexo B são catalisadoras essenciais para a manutenção da vida e para a edificação de estruturas celulares. A vitamina C - desempenha importante função metabólica, tem função anti-estresse.

Estas informações são apenas para deixar bem claro a importância que tem todos estes nutrientes e de como a dieta do animal deve ser diversificada e balanceada. Como viram tanto a falta como o excesso dos nutrientes podem causar doenças.

5) COMPOSIÇÃO DO AMBIENTE

O clima influência diretamente nos seres vivos. Controla o florescimento de muitas espécies de plantas e o ciclo reprodutivo de alguns animais através do fotoperíodo (tamanho dos dias). Correntes de ventos e partículas em suspensão (poeira) causam problemas respiratórios. Excesso de umidade traz problemas com fungos, verminoses, podridão dos cascos. E tantos outros.
Mas há como o homem intervir no clima em favor dos animais? Claro que sim.
Deve-se plantar quebra-ventos e formar pastagens com árvores ou mantê-las quando da formação. Isto ajuda a reter as águas das chuvas, proporciona sombra aos animais e evita correntes de ventos que trazem doenças e secam as pastagens. Cria um micro clima ideal para o abrigo de pássaros e insetos que competem entre si e protegem o ambiente de pragas (equilíbrio).
Distribuir melhor as aguadas (bebedouros) e cochos de sal mineral (estes de preferência devem ser móveis), para que os animais caminhem menos em busca de água e alimentos e não forme lamaçais e erosões.
Evitar queimadas que consomem a matéria orgânica, matam plantas e animais e prejudicam um vida microscópica do solo.
Enfim , pode-se criar um micro clima dentro da propriedade de maneira a amenizar os efeitos maléficos do clima (ventos, altas temperaturas, etc.) e potencializar os efeitos benéficos.
Outra forma de controlar os efeitos climáticos e através da construção de instalações de forma adequada, assunto do próximo tópico.

6) INSTALAÇÕES

As instalações são os locais onde os animais passam grande parte de sua vida. Onde enfrentam os desafios do clima e dos agentes patológicos (agente causal). Devem proporcionar ao animal bem estar, serem práticas e econômicas (as vezes a vaidade do criador é levada mais em consideração do que o bem estar do animais, constróem-se instalações caras que não proporcionam bem estar aos animais e não tem praticidade para o manejo e a limpeza).
Deve-se planejar a construção das instalações de forma a manter a temperatura em seu interior o mais próxima possível da ótima exigida pelos animais e sem grande oscilações (diferença entre as mínimas e máximas) .
A planta das instalações têm que permitir o manejo dos animais de maneira a provocar o menor estresse possível na hora das vacinações, ordenha, contenção para algum tratamento, entre outros. Mas principalmente, ser de fácil higienização. Higiene é primordial para o controle de doenças.
A localização também é importante, por exemplo: o piquete dos bezerros logo abaixo do centro de manejo dos animais adultos, com os dejetos deste escorrendo para o mesmo, é um grande foco de infecção (verminoses, diarréias, etc.) Saleiros fixos formam lamaçais que também são focos de infecção.
A área de pastagem deve ser dividida em vários pastos menores, onde se fará um rodízio dos animais entre eles de tal forma que o animal não entre no mesmo pasto antes que as larvas de vermes e carrapatos tenham morrido. Deve existir um cuidado no planejamento destes sistemas porque a contaminação pode ocorrer também nos corredores, já que ali os animais passam todos os dias.

7) VACINAS

As vacinas são uma arma eficaz e barata para o controle de algumas doenças, mas não fazem milagres, juntamente com as vacinas devem ser tomadas todas as medidas profiláticas que foram citadas anteriormente.
As vacinas obrigatórias, como o próprio nome diz devem ser feitas acompanhando as exigências do órgão de defesa do seu estado.
Outras vacinas devem ser introduzidas segundo orientação de um médico veterinário. Normalmente não se usa vacinas de doenças que não existem ou que sejam de baixo risco nas região. Deve-se planejar um calendário de vacinação levando em conta fatores como: oportunidade (existência da vacina e facilidade de operacionalização, grau de risco da doença, custo da vacina e a relação deste com seu benefício e epidemiologia da doença.

8) TRATAMENTO

Prega-se uma medicina veterinária preventiva, onde as causas devem ser solucionadas. Isto não quer dizer que devemos submeter nossos animais ao sofrimento. Se um animal aparecer doente, com febre, com uma ferida, uma bicheira, um quadro diarréico, etc. deve ser tratado. Para isto é melhor que se use tratamentos alternativos como fitoterápicos, homeopatia, acupuntura, entre outros. Pois geralmente não causam resistência e não poluem o ambiente. Mas se os mesmos não estiverem disponíveis deve-se lançar mão de drogas alopáticas (fármacos em geral). Principalmente quando estiver em risco a vida do animal ou de algum órgão ligado a produção como o úbere e o útero.
Para sistemas orgânicos que são controlados por certificadoras, estas administrações medicamentosas devem ser informadas e a carência multiplicada por fator 2 (regulamentado pelo ministério da agricultura).