segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Evolucão e comportamento animal

Charles Darwin abriu nossa mente para entendermos o mecanismo pelo qual as populações evoluem. Essencialmente, a seleção natural se refere a taxas de reprodução e mortalidade: organismos melhor adequados a um ambiente sobrevivem e produzem descendentes igualmente bem adaptados. Após muitos ciclos reprodutivos, as características dos mais adaptados passam a predominar na população. Esse mecanismo, que ao longo do tempo provoca mudanças nos seres vivos, pode ser decomposto em cinco passos básicos: Variação, Herança, Seleção, Tempo e Adaptação.
Variação e Herança – Indivíduos de qualquer espécie raramente são exatamente iguais, interna ou externamente. Podem variar em tamanho, cor ou resistência às doenças, entre outras características. Freqüentemente essa variação é resultado de mutações aleatórias ou “erros de cópia”, do DNA, que ocorrem quando células se dividem durante o desenvolvimento de novos organismos. Ao se reproduzir, os organismos transmitem à sua prole o seu DNA, conjunto de instruções codificadas em células vivas. E como muitas características são codificadas no DNA, geralmente a prole herda a informação genética destas variações observadas em seus pais.
Seleção – Os recursos da natureza são limitados, nascem mais organismos do que podem sobreviver e alguns terão maior sucesso para achar comida, acasalar ou evitar predadores. Ou seja: melhor condição de sobreviver e se reproduzir.
Tempo e Adaptação – De geração em geração, características vantajosas ajudam alguns indivíduos a sobreviver e a se reproduzir. Passadas para um número cada vez maior de descendentes, após algumas milhares de gerações (dependendo das circunstâncias), estas características se tornam comuns, e o resultado é uma população mais bem adaptada ao ambiente.
O estudo do comportamento animal, através de respostas ás questões de “como” o comportamento influencia ou é influenciado pela evolução, têm-se as conclusões das causas diretas do comportamento. Já as questões do “porque” estes comportamentos ocorrem têm-se as conclusões fundamentais da causa. As questões de “como”, perguntam como um indivíduo faz para controlar uma atividade; elas (as questões) perguntam como os mecanismos dentro do animal operam, permitindo a criatura se comportar de certa maneira. As questões do “porque” perguntam por que o animal evoluiu os mecanismos que causam a performance de uma atividade. Os dois tipos de questões são complementares, e não antagônicas, por que elas lidam com diferentes e fundamentais níveis de análise.
As Questões de “como”, trata das reações a estímulos e trabalha com questões sobre: Qual é a relação causal entre os genes do animal e seu comportamento? Será que esta característica é até certo ponto herdada dos parentes? Como o desenvolvimento do animal a partir de uma simples célula a um adulto multicelular tem afetado seu comportamento? Qual estímulo desencadeia a resposta e como estes estímulos são detectados? Como os sistemas muscular e nervoso estão integrados para permitir a reação ao estímulo? A Resposta as essas questões leva a explicação das causas diretas, lidando com os efeitos de hereditariedade e desenvolvimento da construção dos mecanismos subliminares e também “como” os mecanismos totalmente desenvolvidos atualmente trabalham para causar a reação.
As Questões de “porque”, trata das causas fundamentais e se baseia em: Como o comportamento ajuda o indivíduo a superar obstáculos para sobreviver e reproduzir? Como o comportamento evoluiu? Como o comportamento mudou através do tempo? Qual foi o passo original no processo histórico que levou a existência do comportamento atual? Essas são todas questões sobre as razões evolutivas, ou de conseqüência fundamental, do porque um animal faz algo. Se o resultado do comportamento tem sido de salvar as vidas no passado, então o processo evolutivo é parcialmente responsável pelo comportamento dos indivíduos hoje. Os genes que existem contemporaneamente são apenas uma pequena parte dos genes que já existiram. Aquele que conseguiram administrar o meio e persistir até o presente são genes que de alguma forma contribuíram para sua própria sobrevivência. Se um gene influenciou a aparência ou o comportamento de forma que a ajudou na sobrevida do animal, estes genes teriam uma melhor chance de serem passados para os descendentes.
Alguns etologistas assumem que a seleção natural produziria animais que sacrificavam seu sucesso reprodutivo para o benefício geral de sua espécie. Esse jeito de pensar é baseado na teoria de seleção de grupo. A maioria dos biólogos hoje rejeita esta teoria do “para o bem da espécie” que propõe que quase todos os aspectos do comportamento animal ajudariam as espécies a manterem baixas suas populações para evitar a destruição da base alimentar na qual depende sua sobrevivência e que apenas aquelas espécies que possuíam mecanismos de regulação populacional teriam sobrevivido ao presente; outros desprovidos destes mecanismos teriam certamente tornado-se extintos através da super-exploração de recursos críticos dos quais sua sobrevivência dependia.
A utilização da teoria Darwinista (seleção individual) desenvolve diferentes tipos de hipóteses finais do que aqueles que se baseiam em teorias da evolução de seleção de grupos. A mesma relação entre teoria e desenvolvimento de hipóteses existe em estudos dos fundamentos do comportamento. A teoria que o desenvolvimento de organismos ocorre por causa de uma interação de herança genética do indivíduo e seu ambiente tem tido grande influência no debate sobre as causas do comportamento instintivo e do comportamento aprendido.
Existem duas diferentes teorias sobre as forças de seleção que podem influenciar a evolução das espécies. Charles Darwin propôs que a mudança evolutiva ocorrerá pela seleção natural atuando no nível dos indivíduos se os indivíduos geneticamente diferentes tiverem números diferentes de proles sobreviventes. Wynne-Edwards propôs que a mudança evolutiva ocorrerá pela seleção de grupos se grupos geneticamente diferentes ou espécies diferirem significativo ao longo de suas mudanças de sobrevivência por causa das diferenças genéticas entre eles. Atualmente, a ciência é capaz de estudar a evolução de maneira que Charles Darwin nunca pode fazer. Novas tecnologias e ferramentas, como análises de DNA e métodos acurados de datação de fósseis, comprovam a teoria deste grande Naturalista. Mas também mostram que a evolução ocorre em taxas variáveis.
Às vezes, novas espécies ou variedades surgem em questão de anos, até mesmo dias. Outras se mantém estáveis por longos períodos, com pouca ou nenhuma mudança. Sabe-se que as características de organismos que se reproduzem em poucas horas, bactérias, podem potencialmente evoluir muito mais depressa do que organismos cujas gerações são medidas em meses ou anos. Por isso a sempre novas vacinas para a gripe: para combater variedades novas recém evoluídas de vírus. Além disto, se a evolução pode levar séculos na natureza, a ação do homem pode acelerar o processo, criando organismos com características específicas, numa evolução pela seleção artificial.

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