sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Nova Zelândia: pequena em tamanho, grandiosa no leite


Imagine um país de polícia sem armas; casas sem grades; estradas sem buracos; polítca sem corrupção; chefe de Estado sem motorista; documentos sem carimbo; aluguéis sem avalistas; menos de dez vezes entre o maior e o menor salário; estradas municipais rurais asfaltadas; nenhum papelzinho no chão, apenas por educação; uma das melhores educações escolares do mundo e tudo isso construído dos anos 1830 para cá, quando se iniciou sua colonização européia.

Agora imagine isso tudo num cenário cheio de cores, sem poluição, de pastagens verdes, montanhas lindas com neve no topo todo o ano, rios límpidos, ausência de cobras, mosquitos, mosca do berne ou dos chifres, carrapato, ou mesmo abigeato. Essa é a Nova Zelândia! Pouco menor que o Rio Grande do Sul, com apenas 4,5 milhões de habitantes, mas que exporta 1/3 de todos os lácteos exportados no mundo, sem subsídios e deixando qualidade de vida aos produtores e em toda a cadeia.

Abaixo um resumo dos principais acontecimentos, dos primórdios à atualidade, que moldaram o leite no país (seleção de pontos pelo autor) e, na sequência, uma seleção de fatores que caracterizam seu perfil exportador-competitivo, com alguns comentários.






Figura 1. Cena colonial dos primórdios do leite nos anos 1830 na Nova Zelândia.



Figura 2. Capa de uma revista de 1972 sobre salas de ordenha na NZ. Em toda a edição aparecem carrocéis já com vários anos de uso. No Brasil, estão sendo recém introduzidos (Imagem: W. Beskow).

Dois tipos de produtores

A grande maioria dos produtores (~95%) produz leite sazonalmente (seasonal dairy), cujo leite é exportado. Os demais, produzem como no Brasil, com vacas em lactação todo o ano, para consumo doméstico do país (town milk dairy). Por que sazonal? Aqui está o grande segredo da Nova Zelândia que a faz competitiva e distinta do mundo todo: o ajuste da curva de oferta anual de forragem (taxa de crescimento da pastagem) com a curva de demanda alimentar do rebanho (Figura 3). Tenta-se ajustar o pico da oferta (primavera) com o pico da demanda do rebanho. Sincronizando-se naturalmente as parições, consegue-se isso. O rebanho é inseminado em novembro/dezembro (10-12 semanas), pari em agosto/setembro e é secado em abril, quando começa o frio e a faltar pasto.



Figura 3. Rebanho em pico de lactação em outubro na Nova Zelândia.

Os produtores sazonais recebem por kg de gordura+proteína bruta (GPB), que na NZ se convencionou chamar de "milksolids" (junto), abreviado em inglês como MS (não aconselho seu uso em português por confundir-se com kg de matéria seca). Uma vaca média deles tem 8,4% de GPB (a brasileira cerca de 6,6%). Portanto, o produto da vaca deles, o sistema de produção e de pagamento são diferentes dos nossos. São fruto de uma nação que precisa exportar 95% do que produz e com lucro, ano após ano, sem ajuda de governo, com mão-de-obra cara e escassa, sem produzir soja alguma, nem milho grão.

O sistema de parceria 50:50

Para vender leite em uma cooperativa como a Fonterra, é necessário comprar as cotas-partes de sócio na quantidade de uma para cada kg pretendido a venda no ano. Um produtor médio tem cerca de 390 vacas, produzindo cerca de 130.233 kg por ano de GPB a NZ$4,52/cota e R$1,70/NZ$, temos que um produtor típico tem R$1.000.715,00 em cotas (note: 1 produtor = 1 voto, por princípio do cooperativismo). Com toda essa necessidade de capital, como começar? E cadê dinheiro para terra, vacas instalações etc.?

A solução que há décadas foi criada por eles é a parceria pecuária chamada de "50:50 sharemilking". Neste o produtor se aposentando, dono de terras e cotas, junta-se a um casal jovem, com vontade de crescer que só necessita dar um jeito de comprar as vacas e saber trabalhar. O proprietário entra com terra, instalações, manutenções e cotas. O parceiro com vacas e todo o serviço, com prioridade de compra da terra e das cotas.

Uma precificação da frente para trás

No Brasil insiste-se em achar que países que são fortes no leite têm subsídios, facilidades de seus governos e medidas desleais de concorrência. A NZ não tem nada disso desde 1984. O preço do leite é dado totalmente pelo sucesso e preço das vendas no mercado internacional. A cooperativa faz previsões, fecha contratos futuros, estima preços de fechamento para junho de cada ano e paga os produtores com base na forma de adiantamentos a serem acertados no final da safra (que é também final do ano fiscal nacional). O preço final é o faturamento, menos os custos totais da Fonterra, menos o capital a ser reinvestido, aprovado em assembléia. As sobras são divididas anualmente, adicionadas ao preço por kg de GPB no pagamento final.

Por que lá isso funciona? Primeiro, o produtor tem, de fato, participação no negócio (em capital e, consequentemente, presença física ativa). Ele é dono e dirige o negócio, que por sua vez é transparente, cheio de informações e prestação de contas. Você colocaria R$1 milhão num negócio e daria as costas ou sairia a falar mal sem contribuir? Não.

Segundo, o produtor se sente ele mesmo exportador. Ele conhece e acompanha o mercado internacional e sabe quando vai perder ou ganhar mais pelos preços e volume que sua empresa está conseguindo colocar no mercado. É simples! Aqui temos o oposto. O produtor não tem esse canal, as cotas são simbólicas, o preço é complexo (às vezes totalmente disconexo do retorno ao sócio e dono do negócio), temos uma história de tabelamento até 1990, protecionismo vigente e várias outras distorções. Tudo isso num ambiente que acha que luta pelo setor, mas que na verdade pereniza nossas ineficiências.

Visivelmente, eles têm um sistema mais simples do que temos aqui e, portanto, mais fácil de administrar. No entanto, eles o desenharam assim. Ninguém deu nada pronto para a Nova Zelândia. O setor lácteo é tão importante para essa nação, apesar de grande produtora de muitas outras coisas (carne, lã, frutas temperadas, vinhos, cereais, tursimo, serviços, tecnologia agrícola, etc.) que responde por perigosos 25% do PNB (produto nacional bruto).

Um paraíso

Sem dúvida um lugar lindo, agradável, onde tudo parece funcionar e fluir. É claro que, como todo o lugar, também enfrentam grandes desafios: secas, frio (neve no sul), terremotos, distância dos mercados consumidores, concorrência mundial, subsídios dos concorrentes, barreiras comerciais, alto custo da mão-de-obra e da terra etc.

No entanto, a atitude do neozelandês é de estudo dos problemas e oportunidades, buscando superação e vitória pela via mais curta, mais simples, barata e rápida. Valorizam qualidade de vida e família e isso é reflexo de seus valores, sua cultura e educação. Ter vivido lá quase sete anos foi um privilégio, mas como eles mesmo hoje percebem, o futuro e as grandes oportunidades estão aqui.

Sobre o autor: Wagner Beskow viveu quase 7 anos na Nova Zelândia durante seu mestrado e doutorado em Manejo de Sistemas Pastoris na Massey University, Palmerston North. É hoje sócio-diretor da Transpondo Pesquisa, Treinamento e Consultoria Agropecuária Ltda. Mais infomações em: www.transpondo.com.br

fonte: http://www.milkpoint.com.br

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Comportamentos afiliativos em vacas leiteiras a pasto, o papel da lambida


O presente trabalho tem como objetivo o estudo dos comportamentos sócio-positivos afiliativos, em especial lambidas, em vacas leiteiras criadas em Pastoreio Racional Voisin. A quantidade, distribuição temporal, influência da hierarquia social e da prenhez, e sincronismo das lambidas com outros comportamentos foram aspectos investigados. Para tanto, utilizaram-se seis rebanhos com média de 24,66±4,8 vacas da raça Jersey. Os animais foram observados por seis dias em períodos de sete horas, entre as ordenhas da manhã e da tarde, a partir do momento que entravam em um novo piquete. A cada seis minutos eram registrados os comportamentos de todos os animais como instantâneos. As lambidas e as interações agonísticas foram anotadas como eventos, toda vez que ocorriam. Foram elaboradas matrizes sociométricas para cada rebanho e dados individuais de estado gestacional, escore corporal, ordem de lactação e escore clínico foram prospectados para cada animal. A porcentagem de vacas que executaram e receberam lambidas foi próxima de 100%, sem diferença entre rebanhos (p_0,05). No período observado, em média cinco vacas foram lambidas por cada executora, e o mesmo número de vacas lamberam cada receptora. O número de lambidas executadas e recebidas por vaca nas 42 horas observadas diferiu entre os rebanhos (p<0,05) e foi próximo de 7,5. Os eventos de lambidas concentraram-se no horário entre 9:00 h e 11:00 h (p<0,05), coincidindo com os horários de maior freqüência de pastoreio (p<0,05). Não houve correlação entre executar lambidas e receber lambidas (p>0,05), exceto em uma propriedade. Também não houve correlação (p>0,05) entre executar lambidas e instigar interações agonísticas ou entre executar lambidas e ser vítima de interações agonísticas. Da mesma forma, não houve correlação entre receber lambidas e instigar interações agonísticas ou entre receber lambidas e ser vítima de interações agonísticas. Vacas subordinadas executam e recebem menos lambidas que as intermediárias e dominantes (p<0,05). Vacas prenhes executam e recebem mais lambidas que as vazias (p<0,05). Houve uma alta correlação, positiva e significativa (p<0,001), entre o número de interações agonísticas da vaca dominante e de seu respectivo rebanho. As lambidas são interações táteis de ocorrência generalizada em bovinos, que foram conservadas evolutivamente pelas associações entre os animais. São comportamentos inatos cuja causa parece estar relacionada à liberação intracerebral de opióides endógenos e cuja função pode estar relacionada à coesão social. Vacas lambem mais durante ciclos de pastoreio, que são momentos de vulnerabilidade predatória. Quanto maior o rebanho, menor o número de lambidas, correlação condizente com a maior probabilidade de predação em grupos menores. O comportamento de lambida não tem relação clara com a hierarquia social e não parece funcionar como instrumento de redução de conflitos. Vacas dominantes agressivas podem predizer rebanhos agressivos.

Thiago Mombach Pinheiro Machado, Laboratório de Etologia Aplicada - LETA, dissertação do mestrado de Agroecossistemas do CCA - UFSC (2009)

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Homeopatia em frangos de corte criados em sistema de semi-confinamento alternativo


A carne de frango produzida em sistemas alternativos ao industrial tem uma demanda crescente pelos consumidores. Entretanto, as linhagens caipiras existentes são de crescimento lento e baixa conversão alimentar, comparadas às linhagens industriais, o que onera a produção. Já o uso de frangos de linhagens industriais em sistemas “alternativos” tem como limitação a necessidade de uso de antibióticos e coccidiostáticos na ração. O presente experimento objetivou avaliar a eficácia de medicamentos homeopáticos no desempenho e saúde de frangos de corte criados com acesso a pasto. Dois grupos de 90 frangos da linhagem industrial Cobb foram aleatoriamente alocados, a partir dos 21 dias de vida, a três tratamentos: Controle (CN), Calcarea carbonica CH12 (CC) e Calcarea phosphorica CH12 (CP), num desenho de blocos completamente casualizados em duas etapas. Em cada etapa havia três blocos, totalizando seis repetições por tratamento, cada uma formada por um lote de 10 frangos, alojados numa baia de 4m2 com 6m2 de pasto. O experimento foi realizado no verão de 2008, no Setor de Avicultura do Centro de Ciências Agrárias da UFSC. As aves foram pesadas aos 21 dias e semanalmente até o abate aos 49 dias. Após o abate, também foram pesados carcaça, coração, fígado, moela e pés. Na segunda etapa, na semana que antecedeu a transferência dos animais do pinteiro para as baias, houve fortes chuvas, o que deve ter provocado estresse nos pintos, que aos 21 dias, pesaram 523g, enquanto na primeira etapa o peso nessa idade foi de 893g. Assim, houve diferença entre etapas no peso final (Etapa 1 = 3469,5 ± 38,4g, Etapa 2 = 3348,1 ± 40,0g; P<0,03), sendo que na etapa 2 o ganho de peso dos animais foi superior (Etapa 1 = 2576±38g; Etapa 2 = 2825±38g; P<0,0004). Não houve diferenças nem entre etapas, nem entre os tratamentos para as variáveis: peso de carcaça, pés e moela (P>0,40). Já o fígado e coração foram significativamente mais pesados na etapa 2 (P<0,01). O maior peso de fígado e coração na segunda etapa pode ser interpretado como um indicador de maior atividade metabólica desses órgãos, coincidente com o maior ganho de peso. Em ambas as etapas o peso do fígado foi menor (P<0,05) no tratamento com Calcarea carbonica. O menor peso de fígado observado nas aves tratadas com Calcarea carbonica, pode estar associado a uma redução à suscetibilidade ao estresse, no entanto são necessários novos estudos para confirmar este efeito. Conclui-se que a homeopatia utilizada não teve efeito no desempenho de frangos de corte de genética industrial criados em sistema de semi-confinamento. Esses resultados também sugerem a possibilidade da criação de frangos de genética industrial sem aditivos e antibióticos, e num sistema de semi-confinamento ou “alternativo”, desde que se garantam condições profiláticas e instalações adequadas.

Rosane Amalcaburio. Laboratório de Etologia Aplicada - LETA, Dissertação de mestrado   de Agroecossistemas CCA-UFSC (2008). 

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Efeito do Pastoreio Racional Voisin na pastagem, no pastoreio e na compactação do solo.


O sistema de manejo Pastoreio Racional Voisin (PRV) tem sido amplamente utilizado na produção de leite no Sul do Brasil. Bastante polêmico e pouco estudado, duas questões têm sido objeto de dúvida na aplicação desse sistema: a altura do resíduo pós-pastoreio e o uso de lotes de desnate e repasse. Essas diferenças de manejo podem causar diferentes efeitos na produção e na qualidade da pastagem, na compactação do solo pelo pisoteio e no comportamento de pastoreio dos animais. Este trabalho estudou esses aspectos em dois experimentos. No experimento 1 foi testado o efeito de duas alturas de resíduo pós-pastoreio na pastagem T1 (baixo = 3cm) e T2 (moderado = 12cm), sobre a produtividade e qualidade da pastagem e compactação do solo, com avaliações em dezembro/2006, fevereiro, julho e setembro/2007, num delineamento em blocos casualizados (n=6). No experimento 2 foi aplicado o pastoreio em lotes de desnate e repasse nos tratamentos descritos do experimento 1, num quadrado latino 4x4x4, com o objetivo de estudar o comportamento de pastoreio e o valor nutritivo do pasto consumido. Os tratamentos foram: T1 (resíduo baixo e desnate), T2 (resíduo baixo e repasse), T3 (resíduo moderado e desnate) e T4 (resíduo moderado e repasse). No experimento 1, a maior produção de matéria seca (MS) da pastagem no T1 se expressou apenas nos meses de julho (2702,9 vs  2489,8 ± 9,84, p<0,0006) e setembro (1646,12 vs 1418,62 ± 50,48, p<0,02), mas a composição botânica da pastagem e resistência do solo à penetração não foram diferentes. No experimento 2, as vacas pastaram por mais tempo no T1 comparado ao T2 e T4, não diferindo do T3 (196,87 vs 168,12; 155,62 e 181,87 ± 8,11 min, p<0,05). Por outro lado, verificou-se maior tempo de ócio no T2, T3 e T4 do que no T1 (33,75; 30,00 e 38,12 vs 12,5 ± 6,78 min, p< 0,03). A taxa de bocadas foi maior nos tratamentos T1 e T3 do que em T2 e T4 (43,87 e 42,41 vs 39,1 e 39,28 ± 0,72 min/h, p< 0,008). Em paralelo com os resultados do comportamento de pastoreio, o valor nutritivo da pastagem foi maior nos tratamentos T1 e T3 do que nos T2 e T4 com relação à PB (19,00 e 18,37 vs 15,28 e 14,78 ± 0.88; p<0,01) e DIVMO (70,65 e 69,86 vs 61,97 e 62,58 ± 2.06; p< 0,006). A altura do resíduo pós-pastoreio baixo (3cm) apresentou melhores resultados comparada a uma altura de resíduo moderada (12cm) em termos de produção de MS, sem prejuízos à composição botânica ou à compactação do solo. O tempo de pastoreio e o valor nutritivo da pastagem foi maior quando o estrato superior esteve disponível. Esses resultados apóiam a hipótese de que no PRV o rebrote das plantas pratenses se dá fundamentalmente a partir das reservas que a planta acumula, e se faz necessário o manejo rasante, pois estimula o segmento produtivo, que é a fotossíntese, e limita o segmento consumidor, que é a respiração do tecido verde remanescente e que a divisão de lotes em desnate e repasse possibilita um melhor aproveitamento da pastagem.

Flávia Luisa Meira Cordeiro. Laboratório de Etologia Aplicada - LETA. Dissertação de Mestrado do Curso de Agroecossistemas - CCA - UFSC (2008). 

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Aspectos extrínsecos do comportamento de bebida de bovinos em pastoreio


Água e sombra são recursos essenciais para animais criados no pasto, tendo reflexos no seu despenho e bem-estar. Em decorrência dos vários fatores que determinam a necessidade de água de um bovino, a ingestão voluntária pelo animal em condições de livre acesso é a melhor medida para o suprimento adequado. Porém, vários aspectos extrínsecos afetam a ingestão voluntária de água dos animais, podendo ocasionar estresse hídrico com conseqüências negativas para a saúde, desempenho e bem-estar. Neste trabalho, estudamos, em dois experimentos, alguns dos fatores que influenciam o comportamento de bebida dos bovinos em pastoreio, com intuito de otimizar o fornecimento de água, melhorando a ingestão voluntária de água dos bovinos. No experimento 1, avaliamos o efeito do tipo do bebedouro no comportamento de bebida de novilhas de corte. No teste 1, quando tinham disponível ambos os bebedouros (A: Bebedouro retangular de concreto ou B: Bebedouro redondo de PVC), os animais apresentaram maior número de eventos de bebida (P<0,0001), tempo bebendo (P<0,0001) e ingestão de água (P<0,009) no bebedouro B. No teste 2 deste experimento, os animais foram expostos a um tipo de bebedouro de cada vez, num desenho tipo “cross-over”, em grupos de dois. Todos os grupos beberam mais vezes (P<0,0003), por mais tempo (P<0,02) e em maior quantidade (P<0,01) no bebedouro B do que no A. Portanto, o tipo de bebedouro influencia o comportamento de bebida e o consumo de água dos bovinos, mesmo quando eles dispõem de apenas uma opção de bebedouro. No experimento 2, testamos se a localização do bebedouro (piquete ou corredor) e a presença da sombra no piquete influenciavam o comportamento de bebida dos bovinos em Pastoreio Racional Voisin - PRV. A sombra dentro do piquete não influenciou o comportamento de bebida das vacas, porém a posição do bebedouro modificou significativamente este comportamento. Nos tratamentos em que o bebedouro estava localizado dentro do piquete, foi verificado um maior número de eventos de bebida (P<0,001), maior tempo bebendo (P<0,01) e apresentaram maior consumo de água (P<0,02) do que quando o bebedouro estava no corredor, distante 150 metros do potreiro de pastoreio. Ainda, quando o bebedouro estava no corredor, o efeito da dominância social afetou o comportamento de bebida dos animais, sendo que os dominantes beberam mais freqüentemente (P<0,02) e por mais tempo (P<0,02) que os animais subordinados. Conseqüentemente, a melhor localização do bebedouro em PRV foi dentro do piquete de pastoreio, pois proporciona aos animais maior ingestão de água, maior número de eventos de bebida e maior tempo bebendo, inclusive superando os efeitos da dominância social. Os bovinos são sensíveis ao tipo de bebedouro e sua localização, o que pode ter impacto direto no bem-estar e na produtividade dos animais.

Paula Araújo Dias Coimbra. Laboratório de Etologia Aplicada - LETA, Dissertação do curso de mestrado em Agroecossistemas - CCA - UFSC.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Bebedouros: bem-estar animal e proteção ambiental no suprimento de água para bovinos de corte


A eficácia das técnicas, a crescente preocupação com a degradação ambiental e um comportamento humano economicamente orientado são fatores relevantes e indissociáveis na adoção de alternativas para o manejo animal. A garantia de um adequado suprimento de água na bovinocultura demanda tanto compreender o comportamento animal quanto demanda compreender a disposição e as preferências humanas na intervenção nesse suprimento. Para avaliar o comportamento de bovinos de corte frente a diferentes formas de suprimento de água foram desenvolvidos dois experimentos. No primeiro, com o objetivo de avaliar o efeito da fonte no suprimento de água sobre o comportamento e o desempenho de bovinos, oito grupos de seis novilhos foram supridos com água fornecida em bebedouros ou em açudes. No segundo experimento, utilizando quatro grupos de 12 animais, dentre os quais seis com e seis sem experiência prévia com bebedouros, foi verificado se a eventual preferência pelo bebedouro ou pelo açude seria afetada pelo fato dos animais já terem experiência com as alternativas apresentadas. Uma avaliação da percepção de produtores rurais sobre o fornecimento de água para os bovinos foi realizada com oito entrevistados, ouvidos quanto ao reconhecimento da importância e à disposição em melhorar o suprimento de água aos animais. Uma vez incorporada a experiência de beber em bebedouro, os bovinos desenvolveram uma preferência por essa alternativa de suprimento de água (P=0,0335), bem como ganharam mais peso do que aqueles que somente podiam beber em açude (P=0,0001), apresentando um ganho médio diário 29% superior durante o período experimental. É possível inferir que além de vantagens na criação animal em si, o uso de bebedouros concorre para a preservação de taludes e da qualidade dos cursos d’água. Os produtores consultados, todavia, somente incorporariam esse procedimento de suprimento de água em bebedouros se de fato verificassem vantagens econômicas.

Gabriela Schenato BICA. Laboratório de Etologia Aplicada - LETA, Dissertação de mestrado do curso de Agroecossistemas, CCA - UFSC. (2004)

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Comparação dos sistemas de manejo de produção orgânico e convencional de pastagens de Bracchiaria brizantha cv. Marandu em consorcio com o Stylosanthes guianensis cv. Bela em Planaltina-DF1


Carlos Henrique Falcão de Carvalho2, Felipe de Aguiar Duque3, Roberta Gonçalves Izzo4, João Paulo Guimarães Soares5,Francisco Duarte Fernandes5, Allan Kardec Braga Ramos5, Luiz Carlos Brito Ferreira6, Juaci Vitória Malaquias7

1Pesquisa financiada pelo CNPq-Projeto Repensa; 2 Estudante de Zootecnia na Faculdade associadas da Upis. Bolsista da EMBRAPA-CPAC, carloshenrique_falcao@hotmail.com; 3 Estudante de Zootecnia na Faculdade associadas da Upis. Bolsista de EMATER-DF, felipeduque@zootecnista.com.br; 4 Bolsista de DTI do CNPq, roroizzo@hotmail.com; 5Pesquisador da EMBRAPA-CPAC, p.soares@cpac.embrapa.br, duarte@cpac.embrapa.br, allan@cpac.embrapa.br; 6 Extensionista da EMATER-DF, ebuleite@gmail.com; 7Analista da EMBRAPA-CPAC, juaci.malaquias@cpac.embrapa.br,

Resumo: O objetivo deste trabalho foi comparar a produção e teor de matéria seca (MS) e proteína bruta (PB) de pastagens de Brachiaria brizantha cv. Marandu em consórcio com Stylosanthes Guianensis cv. Bela sob os sistemas de manejo orgânico e convencional. Para a correção do solo e adubação verde foi utilizado o calcário, gesso e plantio da crotalária respectivamente para o manejo orgânico e convencional. No manejo convencional foi feita adubação nitrogenada, fosfatada e potássica com uréia, supertriplo e cloreto de potássio, respectivamente. No manejo orgânico, utilizou-se o termofosfato magnesiano e o termopotássio, respectivamente. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, com 1 fator com três tratamentos: manejo orgânico, convencional e testemunha com três repetições com quatro amostras por parcela. Não houve diferenças estatísticas entre os sistemas de manejo para % MS e % PB da brachiaria, estilosantes e do consorcio entre ambos. Entretanto, foram observadas diferenças na produção de MS (kg ha) e PB (kg ha) entre os sistemas. Para a produção de MS (kg ha) e PB (kg ha) o manejo convencional (2815,6; 170,1 kg ha) não diferiu do orgânico (1610,8; 111,3 kg ha) e foi superior a testemunha (1158,5; 81,5 kg ha) respectivamente. O sistema de produção orgânico apresentou resultados satisfatórios de produção MS (kg ha) e PB (kg ha) nas condições experimentais da região de Planaltina-DF.

Palavras–chave: Adubação verde, pó de rocha, fosfato de rocha, consórcio, MS, PB 

Organic and conventional handling systems comparison of Bracchiaria brizantha cv. Marandu and Stylosanthes guianensis cv. Bela mixed pastures in Planaltina-DF

Abstract: The objective of this work was to compare the dry matter (DM) and crude protein (CP) production of Brachiaria brizantha cv. Marandu mixed Stylosanthes guianensis cv. Bela pastures under organic and conventional handling. For the organic and conventional handling the soil correction and green fertilization was made with the calcareous rock and Crotalaria juncea plantation, respectively. In the conventional handling N, P, K fertilization was made with urea, phosphorus supertriple and potassium chloride, respectively. In the organic handling was used the potassium and phosphorus rock, respectively. The experimental delineation was randomized bloks, with one factor with three treatments: organic, conventional handling and testifies with three repetitions and four samples for parcel. No statistical differences were found for % DM and % CP of the brachiaria, estilosantes and consortium. However, DM production (kg ha) and CP (kg ha) differences between the handling systems were observed. The DM (kg ha) and CP (kg ha) production for conventional handling (2815,6; 170.1 kg ha) did not differ from organic (the 1610,8; 111,3 kg ha) and it was superior of testified (1158,5; 81,5 kg ha) respectively. The organic production system presented satisfactory DM (kg ha) and CP (kg ha) production results in the Planaltina-DF conditions.

Keywords: green manure, potassium rock, phosphorus rock, consortium, DM, CP

Introdução

O sistema orgânico de produção não é obtido somente na troca de insumos químicos por insumos orgânicos/biológicos/ecológicos. Segundo a Lei 10831, através da IN46 (Brasil, 2010) são necessários uma série de procedimentos para que as pastagens de uma propriedade sejam consideradas orgânicas (Soares, 2011). Estes procedimentos dizem respeito ao uso de consórcio de gramíneas e leguminosas, a diversificação de espécies vegetais e a implantação de sistemas silvipastoris, nos quais as árvores e arbustos fixadores de nitrogênio (leguminosas) possam se associar a cultivos agrícolas, com pastagens ou mantidos alternadamente com pastejos e cultivos em sistemas agrosilvipastoris, onde a abordagem sistêmica da unidade de produção mantém a sustentabilidade (Aroeira, 2003). Pelo Bioma cerrado apresentar solos de baixa fertilidade, a utilização de insumos alternativos disponíveis é estratégico ao sistema orgânico para o desenvolvimento e biofertilização adequada das pastagens, como os fosfatos de rocha, pó de rocha, calcário, micorrizas arbusculares e fixação biológica de nitrogênio. Estas estratégias suprem de forma natural as deficiências minerais do solo, assim como são importantes por promover uma maior absorção e utilização de nutrientes, favorecendo a nodulação e fixação de N2 em leguminosas, amenizando os estresses nutricionais, promovendo uma nutrição balanceada da planta e possibilitando acessos a nutrientes pouco disponíveis (Siqueira & Saggin Jr., 2001). O objetivo deste trabalho é comparar o sistema de manejo orgânico em relação ao convencional na produção de de pastagens de Bracchiaria brizantha cv. Marandu em consorcio com o Stylosanthes guianensis cv. Bela em Planaltina-DF.

Material e Métodos


Foram avaliadas no período seco do ano de 2011 pastagens de Braquiaria (Brachiaria brizantha cv. Marandu) em consórcio com estilosantes (Stylosanthes guyanensis cv. Bela) numa área experimental da Embrapa Cerrados, em Planaltina-DF. As coordenadas da área são de latitude 15°34’S, e de longitude 47°41’W, com 1007m2 de altitude. O clima da região é Aw definido como clima tropical úmido com estação chuvosa no verão e seca no inverno, segundo a classificação de Köeppen. O solo da área experimental foi um Latossolo Vermelho, com baixa fertilidade natural, com as seguintes características químicas: pH = 5,8; Al = 0,04 cmol dm3; Ca + Mg = 1,54 cmol dm3; P = 3,51, mg dm³ e K = 0,47 mg dm³. Para a correção do solo e adubação verde foi utilizado o calcário, gesso e plantio da crotalária respectivamente para o manejo orgânico e convencional. No manejo convencional foi feita adubação nitrogenada, fosfatada e potássica com uréia, supertriplo e cloreto de potássio, respectivamente. No manejo orgânico, utilizou-se o termofosfato magnesiano (20% P2O5) e o termopotássio (83% K2O), respectivamente. As quantidades utilizadas obedeceram a análise do solo. As leguminosas com exceção do
estilosantes foram inoculadas com bactérias diazotróficas e na área distribuído fungos micorrizicos. A amostragem das pastagens foi feita utilizando-se o quadrado de ferro de 1m² lançado aleatoriamente, onde foram separados nas amostras as porcentagens da gramínea e da leguminosa. As análises de solos e qualidade da pastagem foram feitas conforme descritos pelos Bremner & Edward (1965) e AOAC (1995), respectivamente. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, com 1 fator com três tratamentos: manejo orgânico, convencional e testemunha com três repetições com quatro amostras por parcela. A verificação estatística da significância dos tratamentos foi feita pela Análise de Variância (ANOVA) e para comparação de médias foi utilizado o teste Tukey a significância de 5%. 

Resultados e Discussão


Não houve diferença estatística entre o sistema de manejo orgânico e convencional para % MS da brachiaria, estilosantes e do consorcio entre ambos (Tabela 1). Entretanto, foram observadas diferenças na produção de MS (kg/ha) entre os sistemas estudados para a braquiária e o consórcio. Para a produção de MS (kg//ha) o manejo convencional (2695,0; 2815,6 kg/ha) não diferiu do orgânico (1503,2; 1610,8 kg/ha) e foi superior a testemunha (1002,2; 1158,5 kg/ha) para a Braquiaria e o consórcio respectivamente. Os resultados observados para o sistema de manejo orgânico foram corroborados por Andrade et al. (2003) e Oliveira et al.(1996) observando que introdução de leguminosas pode aumentar o aporte de N em sistemas consorciados, proporcionado transferência de N e aumento as produções de MS para gramíneas. Para o sistema convencional a maiores produções de MS já eram esperadas, uma vez que adubação convencional disponibiliza mais rapidamente os nutrientes, sobretudo no primeiro ano de utilização da pastagem, assim como o fornecimento de nutrientes mais rapidamente disponíveis também auxilia a atividade dos microorganismos favorecendo as reações químicas do solo (Siqueira & Saggin Jr., 2001), enquanto que quando se utiliza a adubação com as fontes de fósforo e potássio naturais, que apresentam liberação mais lenta, a resposta das plantas se torna menor, Não houve também diferença estatística entre o sistema de manejo orgânico e convencional para % PB da brachiaria, estilosantes e do consorcio entre ambos (Tabela 2). Contudo foram observadas diferenças na produção de PB (kg/ha) entre os sistemas estudados para a braquiária e o consórcio. Para a produção de PB (kg/ha) o manejo convencional (159,1 e 170,1 kg/ha) não diferiu do orgânico (101,3 e 111,3 kg ha) e foi superior a testemunha (66,9 e 81,5 kg/ha) para a Braquiaria e o consórcio respectivamente. Segundo Seiffert et al. (1985) quando utiliza-se a adubação nitrogenada com fontes convencionais ocorre a inibição da fixação biológica de nitrogênio das leguminosas que não fixam para si e nem transferem para as gramíneas o que seguramente ocorreu no presente trabalho. Pode-se inferir contudo que a produção de PB (kg ha) no manejo orgânico foi advinda da fixação biológica de nitrogênio, pois segundo o mesmo autor estudando a associação de Calopogonium mucunoides com B. decumbens, concluíram que esta leguminosa reciclou anualmente 63 kg ha de N, aumentando a disponibilidade desse elemento para a gramínea. Oliveira et al.(1996) estudando a fixação e transferência de nitrogênio no consórcio do estilosantes com o capim de rhodes com adubação isenta de N, semelhante ao sistema de manejo orgânico estudado, mostrou transferência de 10,3 mg de N da gramínea para leguminosa aumentando a produção de proteína bruta do capim.


Conclusões


O sistema orgânico de produção de pastagens apresentou resultados satisfatórios de produção MS (kg/ha) e PB (kg/ha) nas condições de Planaltina-DF. Porém a utilização de insumos alternativos deve ser melhor estudada em função da resiliência da produção de pastagens em função do uso destes insumos num período maior de tempo.



Literatura citada

AROEIRA, L. J. M.; PACIULLO, D. S. C.; FERNANDES, E. N. Produção Orgânica: enfoque leite, suas
implicações e conseqüências. p.155-195. In: STRINGHETA, P.C., MUNIZ, J. N. Alimentos orgânicos: produção, tecnologia e certificação. Viçosa: UFV, 2003. 452p.


BRASIL. Instrução normativa nº 46, de 06 de outubro de 2011. Lei nº 10831, de 23 de dezembro de 2003. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 06 Outubro. 2011. Seção 1, p. 8.


OLIVEIRA, J. P.; BURITY, H. A.; LYRA, M.C. C. P.; LIRA Jr., M. A. Avaliação da fixação e transferência de nitrogênio na associação gramíneas–leguminosas forrageiras tropicais, através da diluição isotópica do 15N. Revista da Sociedade Brasileira de Zootecnia, v. 25, n. 2, p. 210-222, 1996.


SEIFFERT, J.R.; ZIMMER, A.H.; SCHUNKE, R.M. et al. Reciclagem de nitrogênio em pastagem consorciada de Calopogonium mucunoides com Brachiaria decumbens. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.20, n.5, p.529-544, 1985.


SIQUEIRA, J.O. & SAGGIN-JUNIOR, O.J. Dependency on arbuscular mycorrhizal fungi and responsiveness of Brazilian native wood species. Mycorrhiza, 11:245-255, 2001.


SOARES, J.P.G.;AROEIRA,L.J.M.; FONSECA, A.H.F.;FAGUNDES,G.M.,SILVA, J.B. Produção orgânica de leite:Desafios e perspectivas. In: Marcondes, M.I.; Veloso, C.M., Guimarães, J.D.; Andrade, F.L.; Prados, L.F.; Amorim, L.S.; Fernandes, L.S.; Machado, M.G.; Cardoso, W.L.. (Org.). Anais do III Simpósio Nacional de Bovinocultura Leiteira e I Simpósio Internacional de Bovinocultura Leiteira. 1 ed. VIÇOSA: Suprema Grafica e Editora, 2011, v.1 , p. 13-43.












Anais da 49a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia A produção animal no mundo em transformação

Brasília – DF, 23 a 26 de Julho de 2012


quinta-feira, 19 de julho de 2012

Bases Práticas para a Produção de Leite a Pasto


Edmundo Benedetti (Bases práticas para produção de leite a pasto – 2º ed., www.edufu.ufu.brlivraria@ufu.br ).


Uma leitura indispensável para quem está de alguma forma envolvido com a atividade leiteira.

“Apesar de estar sendo favorecida, neste momento, por ofensivas conjunturais, a produção leiteira no Brasil enfrenta ainda um grande desafio: a busca de eficiência na gestão dos negócios e de compatibilidade entre o tipo de rebanho, a localização geográfica dele e o manejo adotado. A receita é adequar as tecnologias de produção às técnicas de gestão. Isso significa monitorar detalhadamente a reprodução animal, a nutrição (quanto custa alimentar cada animal e como ele responde ao investimento feito pela alimentação), o intervalo entre partos e a produção do rebanho. Essa gestão adequada permite aos criadores conhecer seu custo de produção e definir os investimentos e a aplicação de tecnológicas”. Edmundo Benedetti





terça-feira, 17 de julho de 2012

Avaliação de bezerros de raças leiteiras em sistemas de criação com vaca-ama e com balde.


A alta mortalidade de bezerros é um dos principais problemas da criação leiteira. A indisponibilidade de mamar quando o leite é dado em balde pode induzir a intersugação e outros comportamentos anômalos. Pressupõe-se que o sistema de criação com vaca-ama produz bezerros mais saudáveis e com melhor desempenho do que aqueles criados no sistema com balde e, ainda, demanda menor mão-de-obra. Este trabalho comparou o comportamento e o desempenho de bezerros leiteiros em dois sistemas. Os bezerros foram aleatoriamente distribuídos em: tratamento 1 (TB) = oito bezerros foram alojados em bezerreiras individuais de 1,5 m x 2 m e receberam 4 l de leite em duas porções diárias; tratamento 2 (TVA) = 8 grupos de 2 bezerros com 1 vaca-ama. Todos os bezerros foram separados de suas mães com 24 h de vida. Os comportamentos foram observados aos três, sete, 30, 60 e 90 dias, das 7-12 e 14-19h, em instantâneos a cada 3 min. As amamentações foram registradas do início ao fim. Foram aplicados roteiros de entrevistas aos tratadores dos bezerros para verificar a percepção deles com relação aos sistemas criatórios. Os dados foram analisados estatisticamente pelo GLM do SAS. Não houve efeito do sexo, ou interação, em nenhuma variável (P>0,10). Bezerros criados no balde gastaram mais tempo deitados inativos (P<0,04) aos 30 e 60 dias; em pé inativos (P<0,04) aos três, sete e 30 dias; bebendo água (P<0.01) aos três dias; se auto-alisando (P<0,01) aos três e 60 dias, e menos tempo andando aos 30, 60 e 90 dias (P<0.003) e pastando aos sete, 30 e 60 dias (P<0,01) do que os bezerros com vaca-ama. Foi observada diferença entre as idades nos comportamentos deitado inativo (P<0,0001), deitado ruminando (P<0,0001), em pé ruminando (P<0,0001), pastando (P<0,0001), bebendo água (P<0,03) e outros (P<0,0001). Houve efeito de interação tratamento/idade nas variáveis tempo deitado inativo (P<0,02), andando (P<0,0001), auto-alisamento (P<0,004) e em pé ruminando (P<0,002). Em relação ao peso, os bezerros do TB foram mais pesados dos sete aos 90 dias, mas aos 180 dias não houve diferença entre os tratamentos. O número de eventos de amamentação diminui com a idade (P<0,01) de 5,4/dia aos três dias, para 2,8/dia aos 90 dias, assim como a média de tempo total e de cada evento de amamentação. Os resultados dos questionários mostraram que, apesar de os tratadores terem passado menos tempo cuidando dos bezerros criados com vaca-ama do que com os de balde, estão satisfeitos com o sistema de balde. Concluí-se que bezerros leiteiros com vaca-ama são mais ativos e não apresentam comportamentos que possam ser considerados “anômalos”. Em condições de boa alimentação das vacas-ama, esse sistema promove mais o bem-estar dos bezerros que o sistema de balde. Bezerros criados por vaca-ama apresentam a mesma tendência dos criados pela mãe de reduzir a freqüência diária de mamadas com a idade. A adoção de novas tecnologias por agricultores não depende apenas dos resultados técnicos e econômicos, mas também de aspectos culturais.

Patrícia Silva de Lorenzi DINON - Laboratório de Etologia Aplicada - LETA, Tese de Mestrado em Agroecossistemas - CCA (UFSC) - 2004

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Avaliação da carga parasitária de helmintos e protozoários em bezerros manejados em sistema orgânico

Jenevaldo Barbosa da Silva1*; João Paulo Guimarães Soares2; 
Adivaldo Henrique da Fonseca3


(Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 33, n. 3, p. 1103-1112, maio/jun. 2012)

1 Doutorando na Universidade Estadual Paulista, UNESP, Jaboticabal, SP. E-mail: jenevaldo@hotmail.com; 2 Pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, EMBRAPA, Brasília, DF. E-mail: jp.soares@cpac.embrapa.br; 3 Prof. da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, UFRRJ, Seropédica, RJ. E-mail: adivaldo@ufrrj.br; *Autor para correspondência. 



Resumo


O objetivo do presente trabalho foi avaliar a influência da eliminação de ovos de helmintos e protozoários nas fezes de bezerros mantidos em sistema orgânico de produção. De janeiro de 2008 a dezembro de 2009, foram realizados quinzenalmente exames coproparasitológicos de 18 bezerros manejados em sistema rotativo de pastagens na Embrapa Agrobiologia. Os dados médios de contagem de ovos foram submetidos ao teste de Kruskal Willis e os valores percentuais da contagem de larvas ao teste de qui-quadrado. A contagem média de ovos por grama de fezes (OPG) variou de 250 a 800, caracterizando infecção leve a moderada. Animais com idade inferior a seis meses apresentaram OPG significativamente superiores (p<0,005) aos de faixa etária entre seis e doze meses. Os maiores graus de infecção foram observados no final da primavera e verão. Nos exames coprológicos foram identificados os seguintes gêneros: Haemonchus (73%), Trichostrongylus (24%) e Oesophagostomum (3%). As práticas de manejo adotadas em sistema orgânico de produção foram capazes de manter os animais em níveis moderados de infecção por helmintos e protozoários, indicando que há controle parasitário pelo uso do sistema rotativo de pastos.

Palavras-chave: Gado leiteiro, Haemonchus, pastejo rotativo


Introdução

A busca por alimentos orgânicos encontra-se em franca expansão, tornando-se um importante mercado consumidor. Este fato tem incentivado os produtores de todo mundo, principalmente nos países agroexportadores a adotarem tecnologias sustentáveis dos recursos produtivos, com preservação e ampliação da biodiversidade, visando atender estes consumidores (D’ALMEIDA, 2005). No Brasil, a busca por produtos orgânicos tem crescido ao redor de 10% ao ano, fato que evidencia o desejo dos consumidores em comprar leite proveniente de animais criados em sistemas que promovam o bem-estar animal, e que sejam sustentáveis e ambientalmente corretos (D’ALMEIDA, 2005). O leite orgânico produzido alcança até três vezes o valor do produto convencional, ao consumidor, principalmente na região sudeste, onde os consumidores possuem maior poder aquisitivo (AROEIRA; FERNANDES, 2001).
Apesar de possuir grande potencial para o desenvolvimento de produtos orgânicos de origem animal, o País ainda apresenta produção incipiente, não chegando a 0,02% da oferta nacional, em torno de 6,8 milhões de litros em 2010 (SOARES et al., 2011). Diferentes fatores contribuem para esta pequena produção, como a carência de pesquisas enfocando a alimentação, o padrão racial e os cuidados sanitários do rebanho, especialmente no que diz respeito às infecções por helmintos gastrintestinais (HÖGLUND; SVENSSON; HESSLE, 2001).
Para o controle racional e sustentável desses organismos gastrintestinais em animais mantidos em sistema orgânico, é necessário o conhecimento sobre epidemiologia dos parasitos, manejo de pastagens, controle sanitário do ambiente de produção e dos animais (LARSEN, 2002). O monitoramento dos parasitos gastrintestinais em rebanhos leiteiros, principalmente nos animais jovens e mais susceptíveis a infestações parasitárias é de grande relevância. Quando os animais são mantidos em sistemas de pastejo contínuo, ou seja, sem utilização de pastagens subdivididas em piquetes, os animais tornam-se mais vulneráveis as re-infecções, além de atuarem como fontes de re-infestações das pastagens (PIMENTEL NETO et al., 2002).
O combate aos helmintos nos países de clima tropical tem sido realizado, a partir do uso intensivo de compostos anti-helmínticos (CATTO et al., 2005). Embora essas drogas tenham eficácia comprovada, a ausência de protocolos adaptados para as regiões tropicais aliado ao uso inadequado das bases terapêuticas, tem provocado o aumento do custo de produção. Alem disso, contribuem para o surgimento de estirpes resistentes, aumento de contaminação das fontes de água e de alimentos e a presença de resíduos de droga na carne e nos produtos lácteos, solicitando estudos de métodos alternativos de controle (COPPIETERS et al., 2009; OLIVEIRA et al., 2009).
Embora o sistema de manejo de pastagens seja usado como solução simples e rápida para o controle de nematóides, ainda não existe estudo de controle de nematóides em sistema de pastejo sem o uso de anti- helmínticos (BIANCHIN et al., 2007). Segundo Catto et al. (2009), apesar de produtores e técnicos ligados à pecuária orgânica o recomendarem, não há resultados experimentais ou estudos de caso que tenham demonstrado o seu efeito no controle dos nematóides gastrintestinais de bovinos no Brasil.
Na pecuária convencional, o controle de parasitos gastrintestinais é muitas vezes baseado na utilização estratégica de anti-helmínticos (NANSEN, 1993). A regulamentação da LEI 10831 que caracteriza o sistema orgânico de produção agropecuário nacional, foi instituída pelo DECRETO no 6323, e através da Instrução normativa nº 46 (BRASIL, 2011). Estas normas para produção animal proíbem o uso profilático de anti-helmínticos, o que implica que o rebanho somente pode ser tratado com  medicamentos fitoterápicos, extratos vegetais e homeopáticos, onde toda a terapêutica utilizada fora disto deve ser registrada para eventuais orientações de produção.
O objetivo do presente trabalho foi avaliar a influência da eliminação de ovos de helmintos e protozoários nas fezes de bezerros mantidos em sistema de produção orgânico.

Material e Métodos

O estudo foi realizado de janeiro de 2008 a dezembro de 2009, no Sistema Integrado de Produção Orgânico (SIPA) Fazendinha Agroecológica Km 47 – Convênio entre a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Agrobiologia)/Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)/Empresa de Pesquisa Agropecuaria do Estado do Rio de Janeiro (PESAGRO-RIO), situado na microrregião Metropolitana da Cidade do Rio de Janeiro. As análises coproparasitológicas foram realizadas no Laboratório de Doenças Parasitárias, Departamento de Epidemiologia e Saúde Pública, Instituto de Veterinária da UFRRJ.
O SIPA é uma área de pesquisa e produção em Agricultura Orgânica, criada no ano 1993, implantado numa área de aproximadamente 70ha, situado na latitude 22°45’S, longitude 43º41’W e altitude de 33 metros. Segundo a classificação de Köppen o clima da região pertence à classe AW, caracterizado por inverno seco e verão chuvoso e quente, com precipitação anual de 1300 mm, inverno pouco pronunciado; temperatura média anual de 24 ºC e umidade relativa do ar de 70 %.
Foram acompanhados quizenalmente todos os bezerros do plantel, destinado a produção de leite, desde o nascimento até o primeiro ano de idade. O número de animais variou de 15 a 20, sendo o número médio igual a 18. Os bezerros eram mestiços (Holandês x Zebu) com grau de sangue variando de 1/2 a 5/8 Gir. Após o nascimento todos os bezerros permaneciam com a vacas, durante a ordenha, até aproximadamente 3 meses de idade, conforme recomendações de manejo orgânico previsto na Instrução Normativa 46 (BRASIL, 2011).
Para o manejo alimentar, os bezerros de zero a dois meses de idade permaneciam em bezerreiro próximo ao estábulo somente no período noturno. Durante todo o dia eram manejados soltos numa pequena área de pastagem com capim Coast-cross (Cynodon dactylon L.pers., Coastcross) subdivididas em dois piquetes de 60 m2 cada, sendo alternados a cada cinco dias. Já os bezerros de dois a seis meses de idade eram manejados numa área 0,47 ha, composta por uma pastagem de capim Estrela Africana (Cynodon nlenfuensis, Vanderyst) consorciado com as leguminosas Araquis (Arachis pintoi), Desmodium (Desmodium ovalifolium) e Estilosantes (Estylosanthes guyanensis) subdivididas em 4 piquetes de 1175m2, manejados em sistema rotativo com 8 dias de pastejo e 42 dias de descanso.Durante este período os animais foram mantidos sob uma densidade média de 3 UA/ha.
Os bezerros com idade entre 6 a 12 meses pastejavam em conjunto com o restante do rebanho, constituído por vacas em lactação e secas perfazendo um total de 31 animais nesta pastagem. A área total da pastagem utilizada foi de 7,8ha divididos em seis piquetes de 1,3 ha, composta por capim Tanzânia (Panicum maximum cv. Tanzânia) em consórcio com Calopogônio (Calopogonium mucunoides). O sistema de pastejo empregado foi o rotativo, com sete dias de pastejo, 42 dias de descanso e taxa de lotação de 2UA/ha no período das águas e 1UA/ha no período chuvoso. Em todas as áreas utilizadas de pastagens o número de animais por área e redução do período de descanso dos piquetes era feito conforme disponibilidade de produção de biomassa da pastagem.
Durante a estação seca do ano (abril a setembro) além da pastagem, a suplementação aos animais de 0-6 meses foi feito com fornecimento ad libitum de feno de Gliricidia (Gliciricia sepium); para os animais de 6 a 12 meses com cana-de-açúcar

(Saccharum officinarum) em consórcio com o Guandu (Cajanus cajan) e com capim elefante (Pennisetum purpureum, Schum, cv cameroom) em consórcio com o Siratro (Macropitilium atropurpureum), picados no cocho diariamente.
Foram realizadas coletas de amostras fecais diretamente da ampola retal de cada animal a cada quize dias. Foram realizadas contagens de ovos por grama de fezes (OPG), segundo a técnica McMaster descrita por Gordon e Whitlock (1939). Para recuperação e identificação de larvas das fezes utilizou-se a técnica modificada de coprocultura descrita por Ueno e Gonçalves (1998). Contaram-se todos os ovos de helmintos e oocistos encontrados. Porém, ênfase maior foi dada aos nematóides pertencentes à superfamília Trichostrongyloidea, devido à sua distribuição cosmopolita e alta patogenicidade.
Os dados referentes a contagem de ovos nas fezes foram inicialmente submetidos ao teste de Kolmogorov-Smirnov para verificar se estes apresentavam distribuição normal. Posteriormente, a fim de normalizá-los os mesmos foram transformados em log 10 (2`count + 1). Porém, mesmo após a transformação, os dados permaneceram não normais, sendo então submetidos ao teste não paramêtrico de KrusKal Willis a 5% de significância. Os dados percentuais referentes a cultura de larvas foram analisados através do teste de qui-quadrado a 5% de significância. A associação entre as variáveis dependentes, contagem de ovos e oocistos, com as variáveis independentes, idade e estação do ano, foi feita através de regressão linear simples. Os procedimentos estatísticos foram realizados com o auxílio do programa Rstudio, versão 2.12.2.

Resultados e Discussão

Os resultados dos exames coproparasitológicos revelaram helmintos pertencentes às seguintes superfamílias: Trichostrongyloidea, Trichuroidea e Rhabditoidea, além de Oocisto do protozoario Eimeria spp. (Tabela 1).
Durante todo estudo os bezerros apresentaram-se infectados predominantemente por helmintos pertencentes à superfamília Trichostrongyloidea. A contagem média do OPG dos animais variou de 250 a 800 (Tabela 1). Estes resultados corroboram com os de Höglund, Svensson e Hessle (2001) que avaliaram bezerros mantidos em sistema de produção orgânica.Embora tenham encontrado animais com elevado grau de parasitismo, observaram que na maioria das amostras fecais (98,6%) a contagem de ovos do nematóide da superfamília Trichostrongyloidea foram inferiores a 500 OPG, classificando-o como infecção baixa e moderada.
A espécie Strongyloides papillosus, apresentou contagem de ovos nas fezes variando de 0 a 150. Foi observado maior parasitismo nos animais com idade inferior a quatro meses, embora não significativo (p>0,05). Durante todo estudo nenhum animal com idade superior a seis meses apresentou infecção alta, ao passo que seis animais com menos de seis meses foi identificado alto grau de parasitismo. Estes resultados corroboram os achados de Fonseca, Duque e Britto (1994) que observaram em seus estudos que animais com idade inferior a quatro meses são mais parasitados por S. papillosus.
Para a espécie Trichuris spp., observou-se baixo parasitismo, com média de 10 OPG. Estes resultados demonstram que a especie não constitui fator de risco importante para a saúde dos animais estudados, visto que além do baixo parasitismo, poucos animais apresentaram eliminação de ovos nas fezes. Estes resultados provavelmente se devam ao longo periodo pré-patente deste helminto, sendo observado parasitismo elevado apenas nos animais mais velhos do rebanho.

A eliminação de oocistos de Eimeria spp. variou de 0 a 10. Estes resultados corroboram os de Höglund, Svensson e Hessle (2001) que avaliaram o parasitismo gastrintestinal em bezerras mantidas em fazendas orgânicas. Estes autores não observaram nenhum caso clínico de coccidiose, atribuindo os resultados ao manejo das pastagens e ao estado nutricional dos animais.
No presente trabalho, os animais jovens não eram mantidos juntos aos animais adultos, visando evitar a infecção dos bezerros por oocistos permanentemente eliminados pelos animais adultos. No Brasil, estudos mostraram que bebedouros, comedouros e pastagens contaminados têm grande influência na infecção dos animais jovens, principalmente em criação a pasto, onde estes são facilmente contaminados com fezes de animais adultos infectados, favorecendo o aparecimento da parasitose (FABER et al., 2002).
Quando analisado os dois anos estudados, não foi observada diferença entre as médias mensais das contagens de ovos nos anos de 2008 e 2009 (Figura 1). Os resultados obtidos nos meses de novembro, dezembro, janeiro e fevereiro, quando comparados com os demais meses do ano apresentaram diferença significativa (p<0,05) tanto em 2008 quanto em 2009. Esta diferença, provavelmente esta associada às condições climáticas mais favoráveis ao desenvolvimento dos estádios de vida livre dos helmintos durante estes meses.
Embora, os resultados médios da contagem de OPG do rebanho demonstrem niveis de infecção moderada, foi observado nos animais com idade inferior a seis meses valores elevados (Figura 2). Quando analisado os resultados da contagem de OPG apenas dos animais com idade inferior a seis meses, observou-se que 50% destes apresentaram infecção moderada e 19% infecção alta. Enquanto que na avaliação apenas dos animais com idade superior a seis meses demonstrou que 76% apresentaram infecção leve, 19% infecção moderada e 5% infecção alta . Estes resultados fortalecem os resultados de Correa et al. (2001) que concluíram que a partir dos três meses de idade deve-se monitorar com maior cuidado as verminoses, as quais acometem os bovinos jovens até os dois anos, sendo que este problema é mais severo nos animais jovens, principalmente nos primeiros meses de vida.

A baixa contagem de OPG observada neste estudo, mesmo sem uso de anti-helmínticos convencionais, pode ser parcialmente creditada ao manejo das pastagens e estado nutricional dos animais. A manutenção dos bezerros em pastagens descontaminadas combinada com a suplementação volumosa durante a estação seca do ano, provavelmente aumentou a resistência orgânica dos animais, contribuindo para reduzir a infecção por helmintos. Estes resultados corroboram Höglund, Svensson e Hessle (2001) que concluiram que a suplementação animal durante o período seco do ano e a utilização de piquetes exclusivos para bezerros fez com as contagens de OPG diminuíssem significativamente.
Os valores médios estacionais da contagem de OPG durante as quatro estações do ano estão representados na Tabela 2.

Não foi observada diferença significativa (p>0,05) na contagem média de OPG quando foram comparadas as estações do ano de 2007 e 2008. Em ambos os anos, as maiores eliminações de OPG foram observadas no final da primavera e verão. Estes resultados corroboram Pimentel Neto e Fonseca (2002) e Araújo et al. (2005), que observaram durante o verão os maiores picos parasitários. Esses autores concluíram que o elevado grau de parasitismo durante a primavera e o verão é decorrente das condições climáticas serem adequadas ao desenvolvimento de estádios larvares dos helmintos no ambiente. Ao passo que no inverno, a baixa precipitação nas regiões de baixada do estado do Rio de Janeiro, contribuem para a diminuição do potencial biótico dos helmintos.
Os resultados da coprocultura mostram a predominância de três gêneros de nematóides da superfamília Trichostrongyloidea: Haemonchus (73%), Trichostrongylus (24%) e Oesophagostomum (3%) (Figura 3). Os resultados observados neste estudo foram similares aos encontrados por Silva, Fagundes e Fonseca (2011) em caprinos na mesma região. Estes autores observaram que, durante todo o estudo a prevalência do gênero Haemonchus foi sempre superior a 70%, sendo o gênero Trichostrongylus o sengundo grupo mais prevalente.
Não foi observada diferença significativa (p>0,05) entre a eliminação de ovos de helmintos quando confrontado os valores mensais. Porém, quando analisados por estação, observou-se aumento significativo (p<0,05) do gênero Trichostrongylus e redução do gênero Haemonchus no periodo mais seco do ano. Estes resultados corroboram Pimentel Neto e Fonseca (2002) que observaram população de Trichostrongylus com crescimento limitado pela população de Haemonchus e cogitaram a possibilidade de haver competição no nível de hospedeiro e também pelo fato de que as larvas de Trichostrongylus serem mais resistentes no ambiente sob condições adversas.

O sistema de manejo empregado para bezerros leiteiros de 0 a 12 meses em sistema orgânico de produção é capaz de manter a maioria dos bezerros com nível de infecção leve a moderada onde a carga parasitária não causa doença clínica nos animais. Porém, o número significativo de animais com idade inferior a seis meses apresentaram infecção alta, indicando que o sistema ainda e dependente de ajustes para o futuro. Assim, o monitoramento deve ser constante para prevenção de possíveis surtos de helmintoses em bezerros mantidos em sistema de produção orgânica de leite, sobretudo os com idade inferior a seis meses, principalmente durante as estações de primavera e verão.

Agradecimento

A Embrapa Agrobiologia por ceder a área e os animais para o estudo. Ao CNPq e a FAPERJ pelo apoio financeiro aos projetos desenvolvidos na Embrapa.







Referências

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AROEIRA, L. J. M.; FERNANDES, E. N. Produção orgânica de leite: um desafio atual. Informe Agropecuário, Brasília, v. 22, n. 211, p. 53-57, 2001.
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quinta-feira, 5 de julho de 2012

Efeito da hierarquia social na produção, na reprodução e da interação humano animal de vacas leiteiras.


Os bovinos são animais sociais, que entre eles estabelecem uma ordem de dominância. O conjunto das relações de dominância forma uma hierarquia interna. Nos sistemas criatórios também existe uma hierarquia entre os animais, talvez a variável comportamental mais importante na criação, interferindo na alimentação, reprodução, produtividade e bem-estar dos animais. Nesta dissertação, aspectos relacionados ao comportamento social de vacas leiteiras e a relação humano-animal são estudados. Duas hipóteses foram testadas: a) nos bovinos, por serem sociais, poligâmicos, e formadores de harém, as vacas dominantes deveriam ter mais filhos machos enquanto que as subordinadas deveriam ter mais filhas fêmeas (hipótese de Trivers e Willard); b) apesar de todas as vacas distinguirem um tratador aversivo de um neutro, as vacas dominantes teriam uma resposta diferente das subordinadas, apresentando uma maior aversão aos humanos, implicando em menor produção leiteira e prejuízo ao bem-estar. Para testar estas hipóteses foram realizados 2 experimentos. No primeiro, em relação à posição social da vaca e o sexo de sua cria, foi determinada a hierarquia social existente de 4 rebanhos. Após, as vacas foram agrupadas em dominantes, intermediárias e subordinadas. O sexo de suas crias foi anotado e através do teste do Chi-quadrado, encontramos que as vacas dominantes apresentaram um número significativamente maior (p =0,014) de filhos machos do que as subordinadas, que apresentaram um número maior de filhas fêmeas. O segundo experimento, para testar a hipótese de que vacas dominantes teriam mais aversão aos humanos do que as subordinadas, foi realizado em um rebanho de 11 vacas. Durante este experimento o tratador aversivo dava um tapa na garupa e um grito, diariamente, em cada vaca. Foram efetuados testes de distância de fuga a um tratador neutro e a um aversivo, antes, durante e ao final do experimento. Também foi realizada a medição do leite residual na presença e na ausência do tratador aversivo. A distância de fuga das vacas dominantes ao tratador aversivo, ao final do experimento, foi significativamente maior (p<0,05) do que das vacas subordinadas. Além disso, as vacas dominantes apresentaram, em média, mais leite residual do que as subordinadas, independentemente do tratador aversivo estar presente ou não. Estes resultados demonstram que vacas dominantes sentem mais medo de humanos do que as vacas subordinadas. A confirmação de nossas hipóteses nos leva a afirmar que as estratégias comportamentais que evoluíram no ambiente natural ao longo de muitas gerações continuam a se manifestar na criação animal, mesmo após anos de intensa seleção artificial, afetando direta ou indiretamente a produção. O conhecimento destes comportamentos é de extrema importância para a elaboração de sistemas de manejo que promovam o bem-estar, a produtividade e a sustentabilidade dos sistemas criatórios.

Maria Cristina YUNES.  Laboratório de Etologia Aplicada - LETA, Tese de mestrado em Agroecossistemas - CCA/UFSC (2001)

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Leite que ajuda a dormir


Boa noite, Cinderela: empresa faz leite para dormir


Cantebury, Nova Zelândia - Um leite de vaca especial, mais rico em uma substância chamada melatonina por ser coletado logo nas primeiras horas da manhã, promete ser a coqueluche dos pobres seres humanos que sofrem de insônia ou de estresse. O Sleeping Milk, ouNight Milk, chegará ao mercado em março do ano que vem, primeiramente na Nova Zelândia, na Austrália e na China. A novidade foi criada pela empresa Synlait, especialista em produzir leite em pó com valor nutricional elevado, localizada em Rakaia, na região de Cantebury, na Ilha do Sul da Nova Zelândia. 

Segundo Tony McKenna, diretor geral de desenvolvimento de negócios da empresa, o leite para dormir, em pó, será vendido em sachês e indicado para quem tem sono agitado, sofre de insônia ou estresse. "A melatonina é uma substância natural que todos os animais têm, inclusive os seres humanos, mas nestes, a quantidade de melatonina diminui ao longo dos anos, com o avanço da
idade", explica. "Então, após inúmeras pesquisas, nossos especialistas concluíram que as vacas 
Holandesas produzem esta substância em maior quantidade durante a noite, em seu leite", diz.

Os fornecedores de leite da Synlait - uma espécie de associação de criadores de gado Holandês chamada 
Synlait Farms - coletam este leite especial todos os dias, às quatro horas da manhã (primeira ordenha do dia) e enviam o produto à fábrica. Lá, os especialistas isolam a melatonina para processa-la e transforma-la em pó. Em seguida, a substância é adicionada, em doses eterminadas, a outros tipos de leite em pó, normal ou desnatado. "A melatonina é o principal ingrediente do leite para dormir neozelandês", afirma o executivo.

Simon Causer, gerente de pesquisas da empresa explica diz que a melatonina, por ser natural, é menos prejudicial à saúde dos seres humanos. "A melatonina tem um papel importantíssimo para ajudar os humanos a 
regular os ciclos dia/noite e a ordenha de leite produzido pelas vacas durante a noite permitiu que criássemos um auxiliar de sono 100% natural".

Por ser vizinho da Austrália e parcerios comerciais da 
China (a Synlait tem sócios chineses e na Ásia, a empresa leva o nome de Bright), o leite para dormir deve chegar primeiro nestes países, mas McKenna acredita que seu potencial é grande e pode ser útil a todas as sociedades modernas. "As pessoas hoje em dia tem muitos problemas para dormir, estão estressadas. Precisam voltar a seguir o conselho de suas avós e tomar um leitinho quente para dormir bem", diz ele. "Não é por acaso que existe este ditado, de que o leite dá sono. Ele dá mesmo". Além da Ásia, McKenna acredita que o produto terá sucesso na Europa, devido à idade elevada da população, e na América do Sul, devido ao ritmo frenético de trabalho.

Causer diz que a empresa vem realizando testes para comprovar a eficácia do leite para dormir há alguns anos. Durante um período, adultos tomaram um copo do leite 30 minutos antes de irem para a cama e aí, a qualidade de seu sono passou a ser monitorada e comparada aos que tomaram o leite convencional. Segundo Causer, os resultados foram um sucesso. Uma empresa alemã e uma japonesa também estão estudando inserir o 
"leite do sono" no mercado.

Fonte: Revista Globo Rural

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Piglets’ weaning behavioural response is influenced by quality of human–animal interactions during suckling

Piglets’ weaning behavioural response is influenced by quality of human–animal interactions during suckling

Animal, page 1 of 6 & The Animal Consortium 2011 doi:10.1017/S1751731111000358


R. Sommavilla1, M. J. Ho¨ tzel1- and O. A. Dalla Costa2 1Laborato´ rio de Etologia Aplicada e Bem-estar Animal, Departamento de Zootecnia e Desenvolvimento Rural, Universidade Federal de Santa Catarina, Rodovia Admar Gonzaga, 1346, Itacorubi, Floriano´ polis 88.034-001, SC, Brazil; 2Embrapa Suı´nos e Aves, BR 153, km 110, 88700-000 Conco´ rdia, SC, Brazil

(Received 2 December 2010; Accepted 9 February 2011)

The aim of this study was to compare the short-term post-weaning behaviour of piglets treated either neutrally or aversively during the suckling period. A total of 24 lactating sows and their litters were housed in different rooms according to treatment. A female experimenter (P1) was in charge of feeding and cleaning from days 10 to 27 after birth. For the aversive treatment (Aver), P1 was noisy, moved harshly and unpredictably and shouted frequently during routine cleaning of facilities and animal handling. For the neutral treatment (Neut), P1 used a soft tone of voice and was careful during the same routine. At weaning, the avoidance response of piglets to an approaching experimenter in a novel place was assessed in four piglets from each litter. Scores ranged from 1 (experimenter could touch piglet) to 4 (piglet escaped as soon as person moved). The test was repeated twice, with a 1-h interval, with P1, who wore blue trousers and white T-shirt, and a second handler unfamiliar to the piglets (P2, who wore blue coveralls). Thereafter, litters from the same treatment were mixed and housed in separate rooms, balanced for gender and live weight ( n512 groups of 4 piglets/treatment). Behaviour time budgets were registered by scan sampling every 2-min, for 4 h per day, for 4 days. Piglets were weighed at birth, at weaning and on day 5. Effects of treatment and handler on responses to the avoidance test were analysed with non-parametric tests and effects of treatment with a mixed model for repeated measures. Avoidance score was higher for Aver than Neut piglets when tested with P1 ( P50.04) but not with P2 ( P50.8). When piglets’ responses to the different handlers were compared within each treatment, no significant differences were found. Frequencies of resting were lower (P,0.001), whereas escape attempts ( P,0.03), agonistic interactions ( P,0.02) and frequency of presence at feeder ( P,0.001) were higher in the Aver than in the Neut groups. Feed and water intake and weight gain did not differ between treatments. We conclude that 4-week-old piglets can discriminate a handler according to the nature of treatment received during suckling. In addition, piglets treated aversively seem to have more difficulty adapting to weaning than those treated neutrally during the suckling period. 

Keywords: distress, aversive, fear, welfare, behavioural time budget


Implications

The quality of handling of piglets during the suckling period aggravates the behavioural distress response to weaning. This could aggravate welfare problems associated with weaning such as susceptibility to disease and mortality. In addition, piglets seem to be able to recognise and avoid handlers they associate with aversive handling. This could impact on ease of handling and ability to cope with stressors in the long term. These welfare problems have relevant economic and ethical implications for the pig industry.


Introduction

Negative handling during husbandry routines can act as a daily stressor to domestic animals. Fear of handlers who carry out the daily routine can cause distress to animals and reduce their welfare (Rushen et al., 1999b; Hemsworth, 2003; Spoolder and Waiblinger, 2009). Unpredictability and lack of control, especially when associated with aversive experiences, may also reduce the welfare of captive animals (Bassett and Buchanan-Smith, 2007). In intensive housing systems, pigs usually have little or no control over the situations to which they are subjected during routine husbandry procedures. Hence, threatening postures, shouting and negative physical handling may be particularly aversive - for these animals. If such negative stimuli are repeated routinely, the animals may associate such quality of handling to the people who apply it, or generalise it to all handlers in the farm. As a result they may express avoidance or aggressive behaviours towards handlers during management, reinforcing their attitudes, in a positive feedback process (Hemsworth and Coleman, 1998). Furthermore, aversive handling may have a negative impact on stress physiology (Gonyou et al., 1986), reproduction (Hemsworth et al., 1986a and 1989; Pedersen et al., 2003) and productivity (Gonyou et al., 1986). Studies involving positive or neutral interactions between humans and animals indicate that early social contact with humans may influence the subsequent behaviour towards humans in pigs (Hemsworth et al., 1986b), and other farm animals such as sheep (Markowitz et al., 1998), goats (Boivin and Braastad, 1996) and cattle (Krohn et al., 2001). For instance, compared with piglets socialised later, piglets socialised with humans during the first 3 weeks of life showed less fear towards humans when tested at 18 weeks of age, suggesting that piglets’ first week of life may represent a sensitive period of socialisation (Hemsworth and Barnett, 1992). Therefore, aversive treatment of pigs early in life may influence their behaviour in a particularly harmful way, and have negative effects on interactions with humans later in life. Young pigs have the ability to recognise humans that handled them previously in a gentle way, choosing their presence (Tanida and Nagano, 1998) or interacting more with them than with a person they do not know (Tanida et al., 1995). Other farm animals may recognise handlers based on an aversive treatment (De Passille´ et al., 1996; Rushen et al., 1999a). Thus, one aim of this study was to investigate the

ability of young piglets to discriminate handlers based on the quality of treatment. We predicted that after weaning piglets would be able to discriminate a handler that treated them neutrally or aversively during the suckling period, from an unknown person. Early-weaned piglets usually display behavioural responses indicative of distress, such as increased frequency of vocalisations (Weary et al., 1999; Colson et al., 2006), abnormal behaviours (Gonyou et al., 1998; Weary et al., 1999; Worobec et al., 1999), aggression (Jarvis et al., 2008; Devillers and Farmer, 2009), escape attempts (Worobec et al., 1999; Ho¨ tzel et al., 2010) and low-feed intake (Gonyou et al., 1998; Van der Meulen et al., 2010), which is accompanied by impaired intestinal integrity and functionality, growth depression, increased susceptibility to disease and mortality (Pluske et al., 1997; Van der Meulen et al., 2010). These responses are attributed to the early and abrupt separation from the dam and change in diet, although it is recognised that pre-and post-weaning environmental stressors may also contribute (Weary et al., 2008). In this context, the quality of interactions
between humans and animals prior to weaning may interact with the various stressors that influence the behavioural response to weaning, jeopardising the adaptation of piglets to weaning. Thus, another aim of this study was to compare the post-weaning behaviour time budget of piglets treated neutrally or aversively during the suckling period. We predicted that the post-weaning behavioural distress response of aversively handled piglets would be greater, and feed intake and growth would be lower than that of groups handled neutrally during suckling.

 Material and methods

Local, animals and housing The experiment was carried out at the experimental research station of EMBRAPA Swine and Poultry (Conco´ rdia, Santa Catarina State, Brazil, 278S) during the summer. All rooms used in the study were naturally ventilated. A total of 24 litters crossbred from multiparous F1 females
(Large White3Landrace) and EMBRAPA MS sires (Duroc3 Large White3Pietrain) were used in the study. Sows were housed in individual pens during gestation and transferred to four farrowing rooms, two used for each treatment, 1 week before the estimated farrowing date. During nursing, sows were housed individually in standard farrowing crates (0.632.2 m), within a pen of 1.832.2 m, with plastic slatted floor. A creep area of 0.430.6m with solid flooring covered with sawdust was available for the piglets. Nipple drinkers were available for sows and piglets. Sows received feed from a semi-automatic feeder, whereas piglets received creep feed in a tray at the floor level. Piglets also had access to the sow’s feeder. After weaning, piglets were housed in four different rooms, two used for each treatment, in suspended pens (0.831m) with plastic slatted floor. A nipple drinker and a feeder were positioned at opposite ends of the pen.

Management

Lactating sows were fed a diet containing 3300 kcal metabolizable energy (ME)/kg and 17.1% crude protein (CP). Piglets were offered a diet containing 3500 kcal ME/kg and 16% CP from 2 weeks of age until the end of the study. All animals were fed ad libitum. Farrowing pens were cleaned and sawdust was changed twice daily. From 2 weeks of age, a female experimenter performed the feeding and cleaning routine, except at the weekends when this was performed by an unfamiliar person. This person was instructed to perform the routine in silence, to minimise interactions with the animals and to keep the use of voice to a minimum. Two days after birth, piglets had their tails docked and teeth clipped, and received an iron injection. Males were castrated within 7 days of birth. All piglets were ear-notched for identification, and were weighed at birth, at weaning and 5 days after weaning. Any cross-fostering to adjust litter size was limited to the first week after birth. Weaning of all piglets was carried out in the morning, at 28.260.3 days after birth. The sows were removed from the crates, and the litters stayed in their respective pens until the end of a test that was conducted outside the farrowing rooms. This took approximately 2 h, after which time the piglets were transferred to the nursery rooms in groups of four animals, two males and two females, all originating from different litters from the same treatment. Groups were homogeneous with respect to weight and age.


Treatments

A female experimenter (P1) subjected half the litters to an aversive treatment (Aver) and the other half to a neutral treatment (Neut). The treatment was performed twice a day every day, between days 10 and 27 after birth, except on weekends. In the Aver while conducting the handling of routine cleaning, feeding, and animals’ inspection, P1 spoke with an aggressive tone, occasionally making postural threats to the sows. Once a day P1 placed the piglets inside the creep, a management perceived to cause fear or avoidance reactions in the piglets (Ho¨ tzel et al., 2007). In the Neut, during the same management routines P1 directed little attention to the sow and piglets, was careful when moving objects and used a soft tone of voice, only when necessary. Both treatments involved non-tactile interactions, and no physical aggression was directed towards the sows and piglets at any time in either treatment.


Behavioural observations

On the day of weaning the avoidance response of piglets to an approaching experimenter was tested with P1 and another person (P2) who was unfamiliar to the animals. Both experimenters were females, who differed considerably in height and hair length and colour. They showered before entering the premises and wore blue coveralls and white boots supplied by the farm, though only P1 wore blue trousers and a white T-shirt (throughout the experiment P1 wore the same clothing). Four piglets chosen at random from each litter, half of each sex per litter, were tested by the two people separately. The order of testing was randomised. The test began by placing a pig at the end of a corridor 2m long and 0.8m wide, marked in the ground at 0.5m intervals. At the other end of the corridor the test person was positioned; after a period of 2 min, she walked slowly toward the piglet. The response of the animals was classified according to the following scores: (1) piglet allows being touched by the person, (2) person can pass the 0.5m mark, but piglets moves away before being touched, (3) piglets moves away when person arrives at 0.5m mark and (4) piglet runs before person arrives at 0.5m mark. Behavioural time budgets were recorded over 4-h periods from day 1 (weaning day) to day 4. Two observers, previously calibrated to ensure reliability of results, did all the observations by direct visual observation. Behaviours listed in Table 1 were registered using scan sampling every 2 min, which resulted in 120 samples per group per day. On day 1 sampling began at 1100 h, which was 30 min after all piglets were housed in the new pens; from day 2 to day 4 sampling was done from 0700 to 1100 h.

Feed and water intake

Drinkers were connected to a water reservoir graduated in litres to allow observation of the daily consumption of the pen. At weaning, 5 kg of dry feed were supplied to each group, and in subsequent days the feeder was replenished when necessary. Group consumption was calculated from the total offered and the residues on the morning of the 5th day.

Data analysis

Effects of treatment, day and interactions on performance data (BW, feed and water intake) were analysed with a GLM. Behavioural time budgets presented are the averages and standard errors of the relative frequencies of each behaviour, calculated from results obtained in each observation of each group. Effects of treatment, day and their interactions on behaviours were analysed using a mixed model ANOVA for repeated measures, with group as a random effect, determined using a mixed model, using an autoregressive covariance structure. Behaviour data were square root transformed for the analysis. Scores from the avoidance test were analysed with non-parametric statistics. The Mann– Whitney U-test was used for comparisons between treatments and the Wilcoxon-signed ranks test was used for comparisons within litter. Results are presented as medians with 25th and 75th percentiles.

Ethical note

This project was approved by the Ethics Committee for animals used for experimentation of the Federal University of Santa Catarina.

Results

Responses to the human avoidance test are shown in Figure 1. There were no treatment differences in piglets’ avoidance score when tested by P2 (P 50.8), but a higher score was found in Aver than Neut piglets when tested by P1 (P 50.04). When piglets’ responses to the different handlers were compared within each treatment, no differences were found for Neut piglets (P 50.94), but there was a tendency for higher avoidance scores in Aver piglets when tested by P1 than by P2 (P 50.06). Frequencies of piglets’ behaviours are shown in Figure 2. There was an effect of day (P,0.001) for all behaviours studied. A main effect of treatment was found for presence at feeder, resting (P,0.001) and escape attempts (P,0.03), with interactions between treatment and day for presence at feeder (P,0.001), fighting and resting (P,0.02). Aver
groups had a higher frequency of fighting on day 2 (Figure 2a), of escape attempts on days 1 and 2 (P,0.03; Figure 2b) and of at feeder on days 2 and 3 (P,0.001; Figure 2c) than Neut groups. In contrast, Aver groups had lower frequencies of resting behaviour on days 1 to 3 (P ,0.0001; Figure 2d). There was no treatment effect on drinking behaviour (Aver 0.9560.17% v. Neut 0.7960.21%). There was no treatment effect on any of the performance traits recorded (Table 2).


Discussion

Piglets subjected to aversive handling during suckling presented higher frequencies of fighting and escape attempts, and lower frequencies of resting, compared to piglets that had been treated neutrally. Overall, the post-weaning behavioural response observed in this study corroborate several studies that conclude that early and abrupt weaning is a source of distress for young piglets (Weary et al., 1999; Colson et al., 2006; Ho¨ tzel et al., 2010). In addition, this suggests that handling quality may contribute to aggravate the distress response to weaning. This adds to studies describing other factors associated with the pre-weaning environment, such as housing (Weary et al., 2002; Hotzel et al., 2004; O’Connell et al., 2005), and opportunity to socialise with non-littermates (Weary et al., 2002; Kutzer et al., 2009), that influence piglets’ response to weaning. However, handling quality did not influence piglets’ growth before and after weaning, nor the post-weaning feed intake, which was low in both treatments, as usually reported for early-weaned pigs (Pajor et al., 1991; van der Meulen et al., 2010). Because treatment differences in frequency at the feeder were not associated with differences in feed intake or weight gain, we conclude that aversively handled piglets were possibly more aroused, rather than more motivated to ingest the solid feed. Even if treatment differences may be considered modest and short-lived, the behaviour response of aversively handled piglets involved and increase in energydemanding active behaviours and low-energy intake. Thus, this may contribute to aggravate the challenge to maintain thermal regulation and metabolism, increasing susceptibility to disease (Pluske et al., 1997). Piglets that were treated aversively during suckling by the familiar handler avoided her more in the test conducted immediately after weaning than those that were treated neutrally by the same person. In contrast, no treatment differences were found in response to the unfamiliar person. This suggests that weaned piglets can discriminate a human handler based on the experience of previous aversive interactions during suckling. These findings are in agreement with those of Tanida et al. (1995), who used slightly older piglets and compared a handling v. no-handling treatment, and corroborate preliminary results of a study using fewer animals reared in different, richer environmental conditions (Hotzel et al., 2007). In addition, other farm animals can learn to avoid humans that treated them aversively (Rushen et al., 1999b; Boivin et al., 2003). Our results also suggest that the piglets did not generalise the avoidance response to other humans. In contrast, Tanida et al. (1995) concluded that reduced fear of humans in handled piglets was generalised to an unfamiliar handler. Hemsworth et al. (1994) also reported that pigs generalised the quality of treatment to unknown humans. Although in this study the treatment was consistent within each group, in Hemsworth’s study the same pigs were handled by different humans using either predominantly negative or predominantly gentle behaviour, which is likely to better reflect everyday handling, when different people may have different behaviours. Nonetheless, in small farms few people may be involved in the daily routine, allowing animals to recognise them individually, which may bring different outcomes to the human–animal interactions. The long-term consequences of early aversive treatment on ease of handling and ability to cope with stressors merit further investigation. It is difficult to discuss which cues from the handler the piglets might have used to associate her with the quality of treatment. Previous studies have shown that piglets use auditory, visual and olfactory information to discriminate one person from another (Tanida and Nagano, 1998). In this study, although the use of voice cues was an important component of the treatments, both humans remained silent during the avoidance tests, which allows us to conclude that auditory information is not essential for recognition of humans by pigs, corroborating findings of Koba and Tanida (2001). These authors showed that 8- to 16-week-old piglets can discriminate a previously known, gentle handler, from an unfamiliar person exclusively by visual cues, more specifically body size and facial cues, which differed between our human experimenters. Thus, visual cues associated with the clothes or the body of the handlers or other aspects like subtle posture or behaviour movements are the most likely candidate cues. In conclusion, 4-week-old piglets show different avoidance responses to a human, according to the quality of handling received during suckling. Furthermore, aversive handling during suckling seems to aggravate the distress response that usually follows early weaning.

Acknowledgements

We are grateful to Francieli Bertoli, Clarissa Silva Cardoso, Samira de Aquino Leite and the staff at EMBRAPA Swine and Poultry for their help during the experiment, and to Vanessa T. Kanaan for helpful contribution to the discussion. We would also wish to thank two anonymous reviewers for helpful comments. This project was supported by the Postgraduate Programme in Agroecosystems (UFSC, CAPES and CNPq).

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